domingo, 28 de março de 2010

Minha mesa e o Troféu Brasil

Minha mesa, no meu escritório em casa, está o caos. Fitas de DVD misturam-se com contas pagas e a pagar, uma vela votiva (7 dias), um livro de poemas, um livro de triathlon, planilhas de treino novas e antigas, copos de água vazios, resultados de exames, lista do acampamento dos meninos, fotos, um óculos do Harry Potter, bloquinhos de papel meio usados, estojos de óculos, notas fiscais variadas, recibos de cartão de crédito, cartões de apresentação, minha bolsa... e por aí vai. Não é uma mesa grande. Deve ter 1,50 x 1,0. Pelo menos não tem restos de comida e nem animais passeando por cima. A bagunça não se limita a ela, mas quase. O restante do cômodo está numa certa desordem, mas dá pra circular.
Acabei de chegar de Santos. Olhei pra mesa e pensei "Arrumo a mesa ou escrevo no meu blog?" Optei pela segunda alternativa, já que a primeira era desanimadora para quem acabou de fazer um triathlon olímpico.
Não estou muito animada com meu resultado. Fui melhor no Internacional. Mas a prova foi diferente. O pedal mais travado e o clima muito, mais muito quente e úmido. Parecia que a gente estava correndo dentro de uma estufa.
Não estou conseguindo levar essas provas a ferro e fogo. Primeiro, não fico mais naquela pilha toda. O único nervoso que passei antes da largada foi a dificuldade em encontrar lugar pra parar o carro. O percurso mudou, a área de transição e a largada foram empurradas quase pra ponta da praia e aí Marcos e eu não sabíamos onde dava pra parar o carro. Chegamos em cima da pinta.
Segundo, não consigo me matar. Tinha pouca gente correndo o olímpico, só uma na minha categoria. Sei lá... Não me senti inclinada a colocar o coração na ponta da chuteira. Nem da sapatilha.
Terceiro, talvez eu esteja cansada. Venho numa toada forte, sem descanso desde...? Nossa. Nem me lembro. Mas deve ser umas duas semanas direto, sem off, com carga pesada.
Lá pelas tantas, no terceiro km da corrida,  me veio à mente a pergunta fatídica "mas que diabos estou fazendo aqui?" E me pus a refletir sobre a resposta. "Porque estou treinando para o Iron". Aí me perguntei de novo "por acaso é hora de se matar? de ficar sofrendo?" E respondo "não! Definitivamente, não!". Pronto. Relaxei. Pra melhorar, passei pelo Emerson, meu técnico, que gritou "Clau, vai manso, você está aqui só pra treinar". Beleza! Com aval do técnico e tudo.
Entrei num pace moderado e constante de 5, 5 e pouquinho por km. No fim da corrida, fui chegando perto de uma moça grande, comprida, com uns pernões. Ela estava cansando. Nos postos de hidratação, parava pra pegar a bebida e andava um pouquinho. Ela viu que eu me aproximava e tentou apertar o passo. Eu mantive meu ritmo. Faltando pouco menos de um km encostei, mas pensei "não vou forçar, sacanagem, ela tá cansada. Fico por aqui". Mas acho que aqui tchoc tchoc tchoc tchoc na orelha dela deve ter dado nos nervos. Ela virou pra mim e disse "Vai, vai! Pode ir!" Eu ainda tentei levá-la comigo "Vamos juntas! Não estou querendo forçar!" E ela "não, vai aí! Vc tem pernas!" E lá fui eu, sem sprint, mas acelarando um pouquinho. Não consegui alcançar minha amiga Nilma, o que me frustrou um pouco. Mas eu sabia que o dia de ela terminar na minha frente estava pra chegar. Tudo bem. Ela merece! Está forte pra caramba.
Depois foi aquele tradicional embaço pra receber o troféu. Aliás devia ser troféio. Núbio, muda o seu designer, pelo amor de Deus! Parenteses pra falar mal dos layouts da NA Sports.  Nunca vi como é que o cara consegue ter tanto mau gosto. As estampas das camisetas parecem um baile de carnaval - ninguém combina com ninguém e todo mundo está colorido. As medalhas. Dá pra chamar de medalha? Nem a fita é decente.   Tá mais pra merdalha. Mesmo assim, a gente fica lá e faz questão da medalhinha e do troféio.
Mas o que vale mesmo, é o café na padoca. Fomos em seis pra Santa Marta. Dos seis, seis conquistaram troféu: Julinha, 2º lugar, Mônica, 4º (verdadeira mãe da Julinha), Thelma 1º, Nilma 1º, Marcos 3ºe eu 1º. Isso sem falar na Paulinha, que foi vice.
Adivinha onde ele está agora? No meio do caos. Ali, até ficou meio escondido. Bom. O post acabou. Agora não tenho mais desculpa pra não arrumar a mesa.

domingo, 21 de março de 2010

Treino em Águas de Lindóia - de novo!

Mais uma vez lá fui trabalhar no interior de São Paulo.  Não gosto muito desse negócio de sair da minha rotina, adaptar os treinos, dormir em cama diferente e sem o meu marido, me alimentar de uma comida - bah - xexelenta.
Mas, como não tinha escolha, fiz uma mala pequena para as atividades profissionais e uma, enorme, para as de atleta amadora. E, claro, a bike foi junto.
Na segunda de manhã, ainda deu tempo de nadar e correr cedinho, antes de viajar. Cheguei lá na hora do almoço, trabalhamos à tarde e como terminou por volta das 6 horas, não tive dúvida: vesti o modelito treino, peguei minha maltodextrina e saí pela rua principal em busca da academia Hórus. Na semana anterior dei uma busca na internet pra ver se encontrava um lugar pra treinar. Encontrei este, tentei entrar em contato, mas não consegui. Então fui até lá com a cara e coragem.
Quando cheguei estavam apenas dois professores e um recepcionista. Expliquei minha situação, dizendo a eles que havia tentado ligar, sem sucesso, e que gostaria de poder fazer um treino avulso, pois estava na cidade a trabalho. Foram muito receptivos e, na hora, responderam "Claro, não tem problema!". E eu " Puxa, muito obrigada, vocês me salvaram! E quanto custa?". Os dois professores - um cara e uma menina - se entreolharam e ela respondeu "Nada. Você foi muito simpática, então não precisa pagar". Achei o máximo a simpatia deles. Imagina que em São Paulo acontece uma coisa dessas?
Fiz me treino, adaptando um exercício o outro, e os dois me ajudaram em tudo que eu precisei. Antes de ir, me cadastrei como "visitante" para poder usar a academia quando for pra lá de novo.
Terça, sai pra pedalar na hora do almoço, pelas pirambas da região. Foram 60 kms sofridos. As subidas eram fortes e, nas descidas, como não estou familiarizada com a estrada, não conseguia soltar o freio com muito entusiasmo. O resultado foi um ótimo treino com uma média de velocidade bem ruinzinha.
Quarta, acordei às 5 da matina pra fazer o longão de 24 (com morro!) que estava marcado pro domingo. Também foi ótimo. Saí na escuridão e vi um lindo dia amanhecer do alto das montanhas. Na voltinha ao redor do lago reencontrei a família de capivaras- que parece ter novos membros - acomodada às margens d'água, aguardando o nascimento do sol. Lá pelo km 14 parei pra beber e reabastecer as garrafinhas com água fresquinha numa fonte natural da cidade.
Paguei o preço das subidas no dia seguinte. A panturilha ficou daquele jeito, sabe? Parece esticada.
Como não poderia deixar de ser, antes de ir embora, passei no Espaço de Beleza da Nenê e aproveitei pra dar um tapinha no visual. Atendimento VIP e preço do interior. Afinal de contas, de vez em quando a gente precisa se cuidar e ficar mulherzinha.
E assim foi. Saiu muito melhor que a encomenda. Estou aprendendo os macetes da região e aproveitando o que ela tem de melhor. Não me senti um peixe fora d'Águas. No final da contas, foi ótimo!

domingo, 14 de março de 2010

Um treino longo, pensamentos e os três pretinhos

Ah, antes de qualquer coisa: obrigada a todas as vozes que comentaram meu post "Vozes". Foi muito divertido ler todos os comentários!
Mas vamos ao post de hoje.
Ontem fiz meu primeiro treino longo de verdade. Era pra ter sido sábado passado mas, com  a chuva, ficou meio truncado. Foram 55 na USP e 1h40 de rolo seguida por 5 km debaixo de um dilúvio. Fiquei frustrada. E ansiosa. Afinal, não tinha passado ainda a barreira de 100k em cima da magrela. E os dias estão passando, a data está se aproximando.
Então ontem eram 130km + 6 de corrida.
Dos 100 aos 130, sem escalas. Será que eu iria conseguir?
Fiquei na dúvida se iria pro Riachove, pra USP ou pra alguma estrada. Estrada, só com alguém de muita confiança, ritmo parecido e apoio. Não tinha. Riachove... era uma pedida, mas como a MPR marcou treino lá hoje, no sábado ninguém iria querer ir. E eu não queria deixar pra ir hoje. Não troco mais o certo pelo duvidoso e, além disso, queria um dia off pra descansar e curtir com meus filhos e minha "filhinha adotiva" - Julia (outra hora eu explico) em Itu.  Então só restou a USP.  Mas a USP tem uma vantagem. Por mais chato que seja ficar feito um hamster na gaiola, a gente passa quase o tempo todo acompanhado.
Decidi chegar bem cedo, começar antes da muvuca. Deixei tudo preparado na véspera - principalmente a alimentação e suplementação, que são razoavelmente complexas para um treino desses.
Cheguei antes das 5 da madrugada. Parei em frente à Educação Física, como sempre. Não tinha mais nenhum carro. Levei uns 10 minutos me organizando. Neste tempo, não passou NEM UMA BIKE. Confesso que me preocupei um pouco. A noite estava linda, temperatura a melhor possível. Mas nenhuma alma de duas rodas?
Seja o que Deus quiser, pensei comigo, embora seja uma atéia convicta e praticante. E saí pro pedal.
Comecei a primeira perna atenta aos movimentos à minha volta. Infelizmente, tem histórias de assaltos acontecendo na USP. Embora eu ache difícil alguém se interessar por uma bike tamanho XS, sempre dá pra aproveitar alguma coisa.
No fim da raia, já estava mais tranquila, pois avistei uns três ciclistas passando do outro lado. Relaxei. Comecei a submergir nos meus próprios pensamentos: o ritmo que iria manter, como controlar a hora de comer ou beber, como fazer pra descansar depois... Viajei!
De repente, do nada, do escuro profundo, surgem três cachorros pretos que vêm latindo, a toda velocidade, em minha direção. Que susto. Reduzi um pouco e comecei a gritar com eles, que não se intimidaram. Tentei acelerar, mas um deles engatou o volantão e estava perigosamente perto da minha roda dianteira. Reduzi de novo, gritei, ameacei com as mãos, até que eles desistiram.
Na volta, a cena se repetiu. Na outra ida, eles sumiram. Na outra volta, pareceram de novo, com a mesma animação. Mas aí não me pegaram mais de surpresa. Depois, desapareceram.
Já no meio do treino, junto com mais gente, vi os três passeando, numa boa. Já não estavam mais afobados. Davam um trotinho, trocando uma idéia. Deviam estar comentando sobre o treino que haviam terminado de completar. Certamente estavam satisfeitos com suas performances.
Quanto a mim, terminei meus 130 em 4h27 e depois corri os 6k a 5m05s o km, sem sofrimento.
 As costas chiaram um pouco no final do pedal, mas deve ser absolutamente normal, não?
Fiquei cansada, mas não acabada. Hoje, para minha surpresa, estou inteira. Pronta pra curtir um day off com a família.

terça-feira, 9 de março de 2010

Vozes

Não sei se é assim com todo mundo em seu primeiro Iron, mas eu tenho ouvido vozes. Muitas vozes. Não são vozes do além, espíritos ou fantasmas sussurrantes. São vozes mesmo, de pessoas que já fizeram, vão fazer ou, pelo menos, já assistiram à prova várias vezes. Todos têm algo a dizer sobre você ou seu treino. Com as melhores intenções. Algumas vozes faço questão de escutar. Aliás, pago para ouvi-las: do técnico, da nutricionista, ortopedistas. Outras vozes, dos amigos e amigas que fizeram o Iron, eu gosto de escutar. Fazem relatos de suas experiências pessoais, dão dicas, pequenos truques, contam aquilo que funcionou com eles.   Outras ainda, eu não escuto, mas leio - os blogueiros, sites especializados, livros sobre o tema. Aí tem de tudo: informações técnicas, histórias, novidades, treinos. O mais complicado é que, nem sempre, as vozes estão de acordo. Há assuntos em que cada um diz uma coisa.  As pessoas sempre falam a partir de seu ponto de vista, de sua base de conhecimentos, de suas próprias experiências assim, a diversidade de idéias e opiniões não é pequena.
Fora isso, claro, tem a turma do palpite. Que sabe pouco,  fez menos ainda, mas tem opinião de monte. Esses, a gente faz hanhã e ignora solenemente.
Nós, os novatos, estreantes e inexperientes, precisamos ter cuidado com tantas vozes. É sim, útil ter informações e opiniões disponíveis mas é preciso filtrar tudo que se ouve e aprender a escolher quem considerar - dependendo do assunto. Nem tudo discuto com meu técnico, nem sempre acato os meus amigos. E, sempre, é preciso calar essas vozes e ouvir as nossas próprias, ainda que seja para travar um debate interno, ponderar, colocar na balança. A nossa opinião tem de ser muito importante para nós.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Trizophrenia: Inside the Minds of a Triathlete


Estava fuçando na Amazon.com atrás de livros interessantes sobre triathlon quando me deparei com o título acima. Inicialmente eu pensava em comprar algo mais técnico, com dicas sobre treinamento, um manual... algo do gênero. Mas, confesso que não consigo me empolgar, ainda mais depois de ler o Becoming na Ironman e o Ultramarathon man. A vontade era continuar imersa em relatos pessoais. Xereta daqui, lê uma resenha dali ... a capa me chamou a atenção, dei uma olhadinha nas primeiras páginas e decidi comprar. Fiz um grande negócio.

O livro, que foi lançado no final do ano passado, é divertidíssimo. O autor, Jeff Mallet, é um bem-humorado cartunista triatleta que decide fazer uma análise do triathlon e de seus adeptos. É, ao mesmo tempo, cômico e informativo. Muitas das passagens você lê e pensa “é exatamente assim que eu me sinto!” Ele consegue descrever pensamentos, sensações e neuroses (ou melhor, a esquizofrenia de nossa vida tripla) com precisão e muito, mas muito bom humor.

Vou traduzir (livremente) um pequeno trecho, só pra vocês terem uma idéia. É logo do começo, de um dos capítulos iniciais, que aborda a transição da bike pra corrida.

...Sem mais nem menos a solução para o problema do Oriente Médio surge na sua mente, mas você deixa isso pra depois porque agora precisa negociar com um monte de cones amarelos e com um bando de staffs que estão acenando pra você e indicando que você deve ir por aqui e com mais cones e mais voluntários e finalmente com a faixa pintada no chão e os grandes cones laranjas e os staffs mais frenéticos de todos, acenando e gritando pra você parar, parar bem aqui, desmontar antes da faixa e empurrar sua bike e, pelo-amor-de-Deus , ninguém espera que você vá lembrar onde estão as suas coisas e como elas estavam organizadas, não que isso importe, porque a essas alturas elas já foram espalhadas por outros competidores que cozinharam na bike e que estão mais atordoados do que você. No meio desta confusão, ninguém vai lhe culpar se você tentar sair correndo com seu capacete na cabeça.


Neste instante a coisa mais antinatural do que correr com o capacete é a simples mecânica da corrida. Parece que você está operando as suas pernas por controle remoto. Não, nem mesmo isso. Parece que você está usando as pernas de outra pessoa. Alguém que, acontece de não ser muito um corredor.


E não é só você. Todo mundo está correndo com as pernas de outras pessoas. Geralmente, as do Groucho Marx. Nunca as de um queniano, por alguma motivo. Tudo o que você sabe é que, quem quer que tenha pegado as suas pernas, você as quer de volta.

Jeff Mallet tem um blog – aqui mesmo no blogspot e escreve com certa freqüência. Recomendo o livro para quem lê em inglês. Ele brinca com as palavras, faz trocadilhos e constrói o discurso com certa sofisticação - eu que leio razoavelmente bem tive um pouco de dificuldade em alguns trechos e fiquei com a sensação de que não entendi toda a piada . Mesmo assim, vale. Fiquei morrendo de vontade de traduzir o livro. Mas não tenho tempo, não é minha especialidade e, infelizmente, aqui no Brasil as editoras não têm interesse porque o público é muito restrito. De qualquer forma, fica a dica.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Trocas de rodas, Triathlon Internacional de Santos e revolta no pódio

No sábado fui até a USP pra dar aquele rolêzinho básico pré-prova. Levei as rodas Zipp e pedi pro Emerson - meu técnico - me ajudar a trocar.  Gostei de ver como ele apanhou pra trocar as sapatas do freio. Não sou só eu que sofro com essas bikes temperamentais.  Até o Fábio Rosa entrou na dança. Aí a magrela se revoltou e encrencou de vez: fiquei sem freio dianteiro. Os dois desistiram e eu levei a bike no Serginho. Como diz o ditado: "há malas que vão pro trem". Além de ter sumido uma molinha do freio, os cabos estavam no bico do corvo. Depois de 40 minutos de espera e de mais alguns outros ajustes, voltei pra USP, com uma bike segura.
No domingo saí cedo de carona com a Julia a caminho da baixada. Ela é uma ótima parceira de treino e viagem. Por incrível que pareça, tem a metade da minha idade e poderia ser minha filha! Acho isso um barato. A gente se dá muito bem. A viagem passa rapidinho.
Apesar do dia cinzento, na entrada da transição o clima é bem animado.
Minha estratégia é a seguinte: nadar como for possível (estou com uma "ombrite", sem treinar forte há um mês), pedalar pra morte e correr com o que sobrar de perna.
Minha meta: ganhar da Silvia Paller - minha mais forte adversária na categoria.
O mar estava longo. Fiz um tempo sofrível. Mas dizem as más linguas que tinha quase 1900 mts.
O pedal estava ótimo. Vi a Silvia um pouco à minha frente num dos retornos da Portuária. "Dá pra chegar", pensei.
Na Anchieta fiz bastante força contra o vento. Deixei meu cateye na média. Objetivo - aumentar a média de velocidade paulatinamente. Eis que vejo a Silvia parada na beira da estrada. Pneu furado. E ela não voltou mais para prova. Muito chato. O fato de ela ser forte me instiga a querer superá-la e, assim, me superar. Além do que, ninguém merece um DNF (Did Not Finish)!
Alcanço a minha amiga Nilma e vamos mais ou menos no mesmo ritmo até o final. Não peguei nenhum vácuo. Cara no vento o tempo todo. Na volta, com ele nas costas, estava muito bom. Cheguei a 34km/h de média! Um recorde. Termino com  média de 33,8.
Na corrida, uma palhaçada: não há marcadores de distância. Nenhumzinho. Como não estava de Garmin, corri às cegas, sem saber quanto faltava, sem saber o quanto me poupar, que ritmo imprimir. Ao longo da corrida, escuto gente chamando meu nome, incentivando. São colegas de treino e academia, técnico, pessoas com quem competi quando fazia biathlon, a turma da Nutricius, a Thelma, amigos antigos, amigos novos que conheci na minha curta carreira de atleta. Isso dá um gás a mais.
Depois do último retorno, sou alcançada pela Rita, da 40-44, que quer, deseperamente, alcançar uma rival de sua categoria. Vamos juntas, uma puxando a outra. Ela conta que já leu meu blog. (É tão legal ouvir isso!) No final ela dá um super sprint. Fico só assistindo. Faço um bom tempo mas as más linguas dizem que só tinha 9,3 km.
Como a Silvia tinha caído fora, sabia que o alto do pódio da categoria deveria ser meu. Ficamos esperando.
Enquanto os resultados não saiam (porque a tecnologia da NA Sports é muuuuito avançada, sabe? Ele não usa chip, usa velcro!) um locutor anunciava a presença "ilustre" do Rafael, participante da edição sei-lá-qual do BBB para entregar os troféus. Sinceramente... Como alguém pode levar a sério uma coisa dessas?
Finalmente, minha categoria é chamada ao pódio. Chove. A festa no pódio é praticamente de nós com nós mesmas. Quando o locutor anuncia que o tal Rafael vai entregar os troféus, incito a revolta: eu não quero receber o troféu dele. Eu não assisto BBB e sou contra BBB. Minhas companheiras aderem imediatamente ao meu protesto: é isso mesmo! Eu também não assisto BBB! É o fim da picada! Um monte de bobobocas, desocupados, que não fazem nada de bom! Foi uma pândega. O tal do Rafael, ficou ali, meio perdido. E nós nos cumprimentamos e nos parabenizamos.
Fiquei muito contente com a reação das minhas colegas de categoria. Frente a um grupo de mulheres de quase 50 anos que trabalham pra caramba, cuidam de filhos e de casa e ainda conseguem treinar, é quase um insulto que um cidadão como aquele - que virou celebridade instântanea sem nenhum mérito - seja reverenciado dessa forma. Acorda, Núbio!
Bom... pelo menos a gente riu e criou uma cumplicidade imediata. Tenho orgulho de ser dessa categoria.
Depois, lanchinho na Santa Marta, e subida pra SP.
Daqui um mes tem mais.