segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

A regra do jogo

 Triathlon, comparado a outros esportes olímpicos, é um nenê que ainda não saiu das fraldas. Isso é bom? Nem bom, nem ruim. É diferente. Compare ao futebol. Sempre dura 90 minutos. Sempre é num campo de grama, tem linha de meio de campo, círculo central, gols com a mesma dimensão, 11 jogadores em campo, apenas um deles pode pegar na bola. E o triathlon? Hummm. Pode variar as distâncias de 5 km na corrida até uma maratona inteira. Permite vácuo/não permite vácuo. Pode ser individual, pode ser revezamento. Segue a mesma ordem: natação/ciclismo/corrida, mas pode ser feito em três parcelas, ou baterias: natação/ciclismo/corrida + natação/ciclismo/corrida + natação/ciclismo/corrida - como acontece no mundialito. Ou seja, mesmo que a distância olímpica tenha sido estabelecida, isso não impede que aconteçam provas de outras distâncias com a mesma - ou até maior - frequência dos que a de distância oficial. Isso sem falar na popularidade. No planeta triathlon, o que é mais pop: um mundial de triathlon (distância olímpica) ou o mundial de Ironman no Havaí? Aliás... Você sabe onde foi o mundial em 2009? Pois então. Mas aposto que você sabe quem venceu em outubro, em Kona. (BTW o mundial foi na Austrália). E aposto também que não vai demorar pro Iron virar modalidade olímpica.

Mas, voltando às regras. Elas não apenas permitem que os esportes existam, elas é que os tornam desafiantes. Pense bem... Que graça teria o futebol se todos os jogadores pudessem segurar a bola com as mãos? Ou o basquete, se fosse possível caminhar com a bola mais do que os dois passos da bandeja? Se, por um lado, as regras criam limites, por outro, estes próprios limites é que obrigam os praticantes da modalidade a ser criativos e hábeis para conduzir a bola com os pés – no caso do futebol – ou simplesmente voar – no caso do basquete. O triathlon também tem regras interessantes. Por exemplo: nos primórdios das provas (anteontem, mais ou menos) discutiu-se se o cronômetro não deveria ficar parado durante as transições. Já pensou? Que graça teria? Ninguém iria se confundir, se jogar no chão pra ter a roupa de borracha arrancada, colocar o capacete ao contrário... E ainda ia ter gente que ia sentar, enxugar dedinho por dedinho do pé antes de colocar a sapatilha, dar uma passadinha na toilete, tomar uma água de côco...

Outra regra: não ter ajudar externa. Do mesmo modo que o tênis, o atleta do triathlon, no dia do jogo tem de encarar a parada sozinho. Aí não é uma questão de diversão, mas é uma das coisas que tornam o triatleta um ser forte não só fisicamente. Durante as competições temos de tomar as decisões por nossa própria conta e risco. Ninguém fica na beira do campo gritando pra gente: “agora sobre a marcha! Não! Não! Eu disse sobe, p...! Ó o cara da sua faixa etária ta chegando! Aperta! Aperta!” Com exceção da entrada e saída da transição, estamos sós. Claro, ao longo dos treinos e em toda a preparação para uma prova o triathlon é um esporte de equipe: o que seria de nós sem o técnico, sem os parceiros de treino, sem a nutricionista ou sem a fisioterapeuta, pra citar alguns? Mas ali, na hora do “vamô-vê” esta regra torna a prova um desafio maior, mais interessante.

Como todo o esporte e, ainda mais, como todo o esporte com poucos anos de vida, é bem provável que as regras do triathlon sofram modificações. A tecnologia, o crescimento do esporte no mundo inteiro, o desenvolvimento de novos materiais, tudo isso pode fazer com haja mudanças. A princípio, não vejo mal nisso. Espero apenas que, como poucos esportes, os triatletas amadores continuem correndo junto com elite. Coisa impossível de acontecer no futebol (alguém aí já bateu uma bola com o Ronaldo, Robinho ou Kaká?) ou no basquete.

2 comentários:

  1. Claudia, vc vai andar de bike na proxima terca. Se for posso ir tambem? Me manda um email que te passo meus dados.

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