Era 2007 e eu estava começando a treinar e também acabara de ser contratada no meu atual emprego. Minha chefa, com quem eu já trabalhava antes e me conhecia bem, disse:
- Conversa com ele. Vocês vão se entender. Ele também gosta de esportes.
E não demorou que, num desses almoços descompromissados que a gente tem com as pessoas de trabalho, nos sentássemos lado a lado e começássemos a trocar confidências sobre nossas respectivas paixões: triathlon, a minha, tênis, a dele.
Então, ao longo destes quatro anos, almoçamos quase todos os dias juntos e conversamos de tudo - mas nosso assunto predileto – o esporte - esteve sempre em pauta.
Com ele aprendi a admirar Federer (embora, só pra provocá-lo, eu diga que gosto mais do Nadal), a considerar Roland Garros A prova de Grand Slam e descobri que há tantos – ou mais – torneios de tênis para amadores quanto há provas de triathlon e corridas de rua.
Por outro lado, ele aprendeu tudo sobre triathlon. Sabe o que é o clipe, uma caramahola e a diferença entre uma speed e uma contra-relógio, entre outras tantas coisas.
E quando ficamos mais próximos, ele também me ensinou coisas da política, da administração, da gestão. E eu pude falar mais sobre relacionamentos, conflitos, convívio.
Ao longo desses quatro anos tivemos discordâncias – sobre aspectos do nosso trabalho – mas nunca brigamos. Fui à sala dele chorar algumas vezes. Ele não foi à minha – porque é duro na queda – mas deixou escapar uma angústia ou outra, que acolhi como pude.
Ano passado, quando estava me preparando pro Iron ele me perguntava todo o dia como tinha sido meu treino. E seu interesse era genuíno. Entendia as minhas restrições alimentares e não se importava se, durante uma semana inteira, eu só quisesse comer no 7 Grill.
Na véspera da minha viagem para Floripa em maio do ano passado, ele estava de férias, mas combinamos de almoçar juntos. Eu estava insuportável. Não conseguia falar de outra coisa que não fosse a prova. Durante o almoço ele fez todas as perguntas que eu queria responder, disse o que eu queria ouvir e me acalmou sem nem se dar conta.
Muitas vezes durante o horário do almoço saímos para encontrar um cadarço de tênis pra ele entre os camelôs, comprar um pacote de maltodextrina ou à caça de baterias CR 3032 para o frequencímetro. Por incrível que pareça, nos divertíamos nessas pequenas jornadas. Conhecemos lugares escondidos como a “Casa das Baterias” e personagens inusitadas, como a sra Chun, da loja de perfumes importados. Temos em comum um pequeno e curioso repertório de pessoas e situações.
Ano passado ele perdeu o pai e, logo em seguida, a mãe. Estive no velório de ambos e no enterro e cremação de um e outra. Vivemos também um repertório de tristezas e perdas compartilhadas.
Agora, neste início de ano ele e várias outras pessoas de quem gosto muito, foram demitidos.
Quando a percebi a iminência de sua demissão me dei conta de como iria sentir sua falta. Vi que ele é muito mais do que um companheiro de trabalho. É um amigo. Meu melhor amigo.
Claro, vamos continuar a nos falar e sempre que possível, almoçar juntos. Não tê-lo no convívio diário, entretanto é, para mim, uma grande perda.
De qualquer modo, não posso deixar de registrar: obrigada por tudo, querido amigo!
Pôxa Clau,que pena o que aconteceu com o seu amigo.Amigos assim, surgem de onde menos se espera e se tornam irmãos.O mais importante disso tudo, é que a amizade jamais deixará de existir,independente da distância.
ResponderExcluirAgora respondendo a sua pergunta no meu blog.Eu não vou fazer o Iron porque tinha em mente, me classificar no mundial de 70.3 deste ano.Só que essa mudança do mundial para Las Vegas me deixou desnorteado,já que Penha só vai classificar para 2012.Eu sinceramente não sei o que fazer.Pensei em fazer Cozumel no méxico,mas como tenho planos de casamento,acho que os petrodólares vão fazer falta rsrsrs.Mas 80% de chance que estarei em Floripa,para dar o meu apoio e abraço.
Ver colegas de trabalho sendo demitidos já é ruim... Ver colegas que são amigos é bem pior. E se é brother, companheiro então é uma perda. Por mais que vc mantenha o contato, não é a mesma coisa pq colega de trabalho vc vê praticamente todo dia. Tem vezes que vê mais que a própria família.
ResponderExcluirEspero que teu amigón consiga uma recolocação rápido. E que o blog, o tênis, o triatlo, as redes sociais, as redes de pesca, os sinais de fumaça sirvam pra manter essa amizade viva.
E por falar nisso: o amigo tem que ficar no anonimato? (curioso é ph...)
Como estão os treinos por aí?
Inté,
Shigueo
Como é bom ter amigos, como é bom ter amigos no esporte!
ResponderExcluirParabéns pelo post!