terça-feira, 31 de maio de 2011

Ironman II – algumas histórias Operação troca taco

Bike nova, sapatilha nem tanto
A 35 dias da prova tomei uma decisão bastante ousada e quase imprudente. Trocar de bicicleta. Não só porque teria pouco tempo pra me habituar a ela, mas, principalmente, porque estaria me endividando por, ao menos, cinco meses. O que eu não poderia imaginar é que a maior dor de cabeça que teria com essa mudança seria por conta do taquinho.
Quando fui montar a bike nova, os “especialistas” torceram o nariz: “hummmmm... este seu taquinho está muito fino. Vai quebrar. Precisar trocar.” “Ok”, respondi, “troque-se o taco”. Mas já era tarde. Eu queria pedalar no dia seguinte que era feriado e, como não tenho outra sapatilha, deixei pra fazer isso no sábado.
Para quem não é do ramo, esclareço que o taquinho é uma peça que fica embaixo da sapatilha e encaixa no pedal. A posição do taquinho é decisiva na geometria da pedalada. Taquinho torto, pedalada torta, desconfortável e, dependendo da distância, passível até de causar uma lesão.
Vai e vem
No sábado deixei a bike e a sapatilha. Na segunda, a bike estava pronta, mas a sapatilha... “Os parafusos oxidaram, está muito difícil de tirar. Precisa deixar de molho no WD40”. De novo, tinha treino no dia seguinte e não podia deixar a sapatilha. Levei pra casa, enchi de WD40.
Depois do treino deixei a sapatilha lá de novo. Na quarta, fui buscar. Não estava pronta.
“Não conseguimos. Não quer comprar uma nova?"
“Não. Esta está amaciada. Molinha. No jeito. Não quero usar outra
“Vai precisar serrar por dentro. Você usa palmilha?”
“Uso”
“Então deixa aí que nós vamos serrar.”
“Não deixo. Amanhã tem treino. Deixo depois do treino”.
Deixei depois do treino. Telefono pra saber. Tem treino no dia seguinte. “Já já fica pronta e eu te ligo. Meia hora”. Não ligou. Corro atrás de uma sapatilha emprestada. Minha amiga Kelly, me salva. Vou até a casa dela, quase nove da noite. Ela me espera de pijama na porta do prédio. Temos treino logo cedo.
Acho que foi só na 5ª vez, quando fiquei lá esperando, que a troca de taco foi feita. Agora precisava retornar ao Igor, do bike fit, pra fazer os ajustes. Chego no Igor, de taquinho novo, mas ele não consegue abrir os parafusos! Estão espanados.
Volto pra loja, troco os parafusos e o taquinho é ajustado. Mas não fica bom. Meus joelhos estão virados pra dentro. Só que é dia 24 de maio. Embarco no dia seguinte. Ligo pro Igor, mas não consigo falar. Não dá mais tempo. Agora é rezar pra encontrar algum santo que me ajude.

Em Flops
Chegando em Flops vou direto à oficina do hotel. O Manuel, irmão do Johnny Lin, me explica que arrumar o taquinho não está na programação deles. Nem têm os materiais necessários. Vou ter de arranjar esquadro, transferidor e um rolo! Rolo é um suporte onde se coloca a bike para pedalar com ela estacionada e também para fazer os ajustes do taquinho, selim, guidão etc.

Meu anjo salvador e eu

Está fácil... mando um torpedo pro pessoal, perguntando quem tem um rolo - sempre tem algum maluco que leva – mas, os que me respondem, não só não tem, como acham que estou maluca e ainda tiram uma da minha cara. A engraçadinha da Kelly responde “tenho rolo de macarrão, serve?”. O tempo urge e ruge. Fazer um novo fit, agooora????
E lá vamos eu, bike, sapatilha e seu marido, o taquinho, rumo à feirinha. Alguém há de me salvar. Vou passando ao lado das oficinas, meio perdida. Um careca grandão se posta ao meu lado e pergunta
“Posso te ajudar em alguma coisa?”

“Siimmmm! Pode me salvar!!!”

Então explico a situação pra ele. Ele coloca a bike no rolo e começa o seu serviço. Além do taquinho, ele alinha meu banco que está empinado pra cima, e abaixa ele um pouquinho. É simpático, firme e seguro. Quando pergunto seu nome, se apresenta, humilde “Sou o Max”. Quase caio das pernas (ou melhor, do rolo). É o Max, da Kona Bikes. Mega atencioso. Fica 15 minutos comigo e ajusta o taquinho. Não me cobra nada. Apenas que faça uma boa prova.

Obrigada Max, de Curitiba!

8 comentários:

  1. O que é rolo? Legal este Max salvou nossa atleta na hora certa , quando tudo conspirava contra. Fico no aguardo de relato da prova. Espero que a nova bike tenha se comportado legal. um abraço. eduardo

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  2. Adoro seu jeito te escrever! Viva a Clau e viva o Max!!! Beijos minha idola!

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  3. Santo Max. Mas se tivesse levado no Elpídio desde o começo, nada disso tinha acontecido...e eu avisei...

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  4. Clau antes de tudo PARABÉNS pelo resultado, lindo, maravilhoso, não sei qual era sua expectativa de resultado e nem onde vai terminar essa história, mas achei ótimo. O Max é um grande amigo e eu acho uma das grandes personalidades no triathlon brasileiro, beijos e estou muito feliz por você.

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  5. Ah, pra isso que precisava do transferidor,hehehehe.

    Parabéns pela prova fenomenal !!!

    Rafael

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  6. Claudia,
    parabéns,e por favor não demore com os próximos capítulos(rsrsr),estou em stand by aguardando.
    Abraço.
    Jorge Monteiro

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  7. Cláudia,

    Agora a pergunta que não quer calar: ficou bom o ajuste?

    ab.

    Max

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  8. Por essas e outras q sempre q o encontro eu falo; "Max, você é o CARA!", ele é muito show mesmo.

    Agora o ano passado eu postei um comentário para você e volto a repetí-lo seus posts são o máximo!!!

    Parabéns pela prova, eu estava lá assistindo, pena que não nos enontramos, mas você mandou muito bem!!!

    Grande abraço e bons treinos!

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