terça-feira, 26 de março de 2013

(Meu) Iron 2013 - I

25 de fevereiro de 2013
Estava eu terminando o post que sobre o Triathlon Internacional de Santos, quando resolvi dar uma olhada no site do laboratório onde havia feito, na manhã daquele dia, um ultrassom de rotina. Durante o exame, fiquei encasquetada pois o médico ligou o doppler enquanto examinava meu rim esquerdo. Na mesma hora pergunte "Por que você ligou o doppler?". A resposta foi evasiva. Uma embromação. Eram 22h30 quando li o laudo. Não consegui terminar o post.

Uma semana depois
Maligno ou benigno? Segundo o dr. Grohmann, assim que abri os olhos, na sala de recuperação, disparei a pergunta. Não lembro. Junto com ele estava também meu ginecologista, que acompanhou a cirurgia. Também não lembro disso. 
Lembro, a partir de um certo momento, que escutei os enfermeiros discutirem se eu iria pra UTI, ou não. Não fui. O estado geral era bom. Pressão, batimentos, oxigenação.
Na minha mão, um instrumento mágico: parece um interrupto de abajur daqueles antigo, que a gente segura com os quatro dedos e aperta com a ponta do dedão. É a bombinha com o bônus de morfina, me explicam. Estou com um cateter peridural que injeta morfina permanentemente mas, caso a dor aumente, a cada 12 minutos, tenho direito a um plus.
Não sinto as pernas, a cabeça está leve, e a dor é afastada logo que se aproxima.
Converso com Aline, uma das auxiliares de enfermagem atenciosas, que explica sobre a bombinha. Ela tem o rosto lindo. Digo isso pra ela sem me importar com o que pode, equivocadamente, inferir. Deve ser o efeito das drogas.
Também puxo papo com Sergio, o corintiano. Quero subir pro quarto, quero ver meu marido, digo pra ele. Já estou bem.
Desci para o Centro Cirúrgico por voltas das 18h. Já é meia-noite. Não lembro de quando sai do quarto. Pela primeira vez, me deram o dormonid na veia. Nas duas artroscopias que fiz, tomei via oral e lembro da minha chegada à sala de cirurgia. Desta vez, é um grande apagão. (Que bobagens será que falei?)
Finalmente sou liberada para voltar ao quarto. 
Chego falante, quase eufórica. Marido, mãe, pai e uma das irmãs. Fico sabendo que o corte foi na frente e não nas costas como inicialmente planejado. O médico quis ver (ver como as crianças veem, com as mãos) meu fígado também. Não encontrou nada. Ainda bem. 
Dou uma olhada no curativo. É imenso. Não consigo saber como é a incisão. Mas dá pra perceber que é grande.

25 de fevereiro 2013
O marido dormia. Não tive coragem de acordar. Liguei para minha mãe. Li o laudo. Não é bom. Liga pro Nilson amanhã cedo.
Copiei a parte do laudo que descrevia o rim esquerdo e enviei para o Daniel, meu amigo e radiologista compartilhando minha angústia e pedindo ajuda pra agendar o exame complementar - sugerido pelo médico que escreveu o laudo - se possível, no dia seguinte mesmo.
Deixei um bilhete para o marido no espelho do banheiro, compartilhando minha angústia. Supunha que fosse acordar antes de mim. Assim compartilharia o assunto logo cedo. Feito isso, apaguei as luzes. Iria acordar cedo para treinar no dia seguinte. 4h30 da manhã.
mas não dava pra dormir. O medo de estar com câncer me assombrou a noite toda. Minha mãe teve linfoma aos 48 anos. Eu tenho 49. Ela está muito bem, mas passou por todo aquele tratamento violento de quimio e radio.  Apavorada, mal dormi.
(continua)

6 comentários:

  1. Você escreve muito bem Clau, mas isso vc já sabe, o que eu quero dizer é vc é objetiva naquilo que escreve e passa uma emoção pra gente, que vai só aumentando durante o percurso da lida...é mto gostoso te ler. Bom, o assunto em questão envolve, naturalmente, mais emoção, né? Beijo

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    1. Ser narrador e personagem é tarefa difícil. Tem hora que confundo! Obrigada por tudo, sempre!!! bjs

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  2. Querida Claudia, sempre acompanhei o seu blog com entusiasmo. Senti falta dos seus textos desde aquele sobre o jalapao. Vibrei quando vi o relato sobre o Internacional de Santos, que logo em seguida foi retirado do ar. Bom, agora me junto a todos aqueles que lhe querem bem em uma corrente de pensamento positivo. Tenho certeza que voce vai vencer este Iron...
    Um super beijo e forca nos treinamentos.
    LFMosquera

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  3. Me jutno ao Luis na corrente positiva. Quem já fez o IronMan vai encontrar forças para enfrentar essa com certeza!
    abs,
    Sergio

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  4. Minha Querida ! Não lhe conheço mas te chamo de querida pois sempre foi atenciosa para comigo e para os que aqui postam. Você é uma GUERREIRA e a vida é assim com as GUERREIRAS gosta de aplicar sustos mas tudo não vai passar de um susto. Junto com todos os seus colegas, amigos, familiares e admiradores engrosso a corrente de PENSAMENTOS POSITIVOS pois ainda temos muito a correr...obviamente que você na minha frente...sabe como é dificil alcançar essas triatletas que fazem IM´s...FICA COM DEUS !!!

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    1. Teddy, Sergio e Luis
      Muito obrigada! Valeu a força e o carinho de vocês. Mesmo. Super beijos

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