segunda-feira, 22 de novembro de 2010

De volta - Pirassununga 2010

Como é bom participar de provas. Não só pra competir, mas, principalmente, por fatores extrínsecos: conhecer pessoas novas, encontrar amigos, conviver por mais tempo e ficar mais amiga ainda de quem a gente já conhece.

O ano passado já tinha sido assim. Este ano foi, de novo, muito legal.

Começou com um telefonema da Cris, amiga da MPR que praticamente não treina mais, perguntando se tínhamos lugar pra ficar em Pira.  Em Pira, não tínhamos. Íamos ficar em Leme, que é próxima, mais nem tanto.  Então ela disse que um amigo - Rogério, também da MPR, estava indo sozinho pra uma casa bem perto da AFA (Academia da Força Aérea, onde acontece o Long) e perguntou se ela conhecia alguém que procurava lugar pra ficar. Na mesma hora liguei pras minhas parceiras Thelma e Julinha, que toparam sem pestanejar.

Véspera - aniversário da Thelma
Saímos sábado de manhã de SP. Thelma e eu, Julinha com meu filho Martim e Rogério. No caminho tivemos de fazer umas paradas estratégicas, já que estávamos naquele esquema de hidratação.

Chegamos em Pira quase uma da tarde. O sol estava derretendo o asfalto. Nos encontramos os cinco no Brasinha, um restaurante indicado por um amigo meu que é de lá. Graaande pedida. Nada de massa. Comemos um tal de Aruã - peixe amazônico - com arroz, batatas cozidas e legumes. E o papo com o Rogério, que tínhamos acabado de conhecer, rolou solto.

Passamos na nossa maison que tem o sugestivo nome de Paradise Lazer, deixamos as coisas e fomos buscar os kits. Dez minutos do nosso lar provisório até a entrada da AFA. Melhor, impossível. Chegando lá conheci um amigo blogueiro, o Rafael Farnezzi e e encontrei o meu amigo também blogueiro, sempre simpático e sorridente, Arthur Araújo.

Da esquerda pra direita: Rodrigo, Emerson, Daniel, Thelma, eu, Pocinho e Julinha, na Cantina Don Pepe.

Como era aniversário da Thelma, ainda em SP, reservei uns lugares numa cantina, encomendei um bolo e chamei o pessoal pra encontrar lá.

Foi delícia. Comida boa, lugar simpático e barato, clima gostoso, conversa animada e, o melhor de tudo, pessoas legais: Daniel e Vivi com a filha Julia (que rapidamente se entendeu com meu filho Martim, apesar da grande diferença de idade), Rogério, Emerson, Rodrigo, Carlos Pocinho, Julinha, Thelma e eu e a turma da Sumaré que passou por lá também. Fabiana, Mônica, Thiago e a Cururu que estava na maior ansiedade porque iria estrear na distância 70.3.

De volta ao nosso paraíso particular, Rogério, Thelma e eu ligamos o modo PPP - preparação pré prova. Enquanto isso, Martim e Julinha jogaram os colchões no meio da varanda, se jogaram em cima deles e desligaram.

O enigma da Julinha
À noite o paraíso não tão paradisíaco. Difícil dormir. Sirenes, músicas, luzes, conversas. O despertador tocou no melhor do sono.
Alguém precisa me explicar como a Julinha que chegou e caiu na cama sem arrumar nada, estava pronta na mesma hora que Thelma, Rogério e eu sem ter acordado uma hora mais cedo. É um mistério profundo.

Chegamos na AFA cedo, encontramos o Emerson e o pessoal da MPR e eu nem estava com aquele friozinho na barriga. Encontrei Corina Silveira e seu marido - ela estava super ansiosa; o Evandro - meu parceiro de Iron, que disse que ia passear no parque (em Pira não dá, Evandroooo!) a Cururu... um monte de gentes. E estava aquele clima de festa.

A expectativa era passar um calorão. Como disse a Thelma no blog dela, iríamos descer ao inferno. Então, estando lá, nada mais natural do que aproveitar e abraçar o diabo. Algo parecido com ir a Roma e VER o Papa.

Natação e os laranjas
E foi dada a largada. Os homens, cinco minutos antes das mulheres. E alguém me explique também como é que antes da primeira bóia na primeira volta eu já estava tropeçando em alguns deles. Dali em diante, só foi aumentando a densidade dos annoyings oranges (as tocas eram laranjas). E eu nem nado tão rápido assim. Eles é que nadam muito mal. Desculpe, pessoal, mas nadar 1900 metros de PEITO!? Acho mais honesto mudar de esporte. Ou aprender a nadar crawl.

Não sei ainda, mas ACHO que minha natação foi pior – o que era de se esperar – o pedal também ACHO que foi igual ou melhor do que ano passado e a corrida também deve ter sido um pouco mais alta este ano.

Nadei tranqüila, forçando um pouco mais na segunda volta. Senti sim, o braço um pouco cansado e dolorido no final, mas não demais. Na transição tentei passar um pouco de chamois butter mas, como não tem tenda, não deu pra espalhar como se deve. Resultado: fiquei com vários cortes e assaduras nas nádegas. Coloquei uma faixa no cabelo, capacete, óculos e sapatilha. Sem estresse, apesar do meu filho Martim ficar dizendo "vai mãe, vai logo!"e saí pra pedalar. Deixei numa marcha bem leve, porque a saída é numa subidinha e não tive dificuldades.

Ciclismo - porque eles não me passam?
Fiz a primeira volta mais tranqüila, apertei na segunda e na terceira e a quarta foi igual a primeira. Passei várias mulheres (e alguns homens) e não fui ultrapassada por nenhuma. Fiquei no clipe o tempo todo (e o ombro não doeu), volantão e volantinho só em duas pequenas subidas.

Não vi pelotões e nem gente pegando roda. Ouvi dizer que tinha um pelotão grande mas não passou por mim. Algumas vezes eu encostava em alguns caras que tentavam escapar, escapavam por um tempo mas, dali a pouco, eu já estava emparelhada de novo e às vezes até passava. Pensava com meus botões "eu com essa perna de mentirinha, mais velha, do suposto sexo frágil e com uma bike que não é nenhuma Ferrari... o cara com idade pra ser meu filho (ou pelo menos um caçula temporão), com esses pernões, do sexo (fisicamente) mais forte, com uma puta de uma bike..." Dava vontade de dizer: "Vai embora, cara! Você tem obrigação de me passar e sumir!"

Ao longo do percurso, os milicos, muito sérios, indicavam o caminho correto. Na terceira volta, não aguentei. Passava por eles e intimava: "E a torcida?Pô, pelo menos pras mulheres!". Os caras abriam um sorriso DESTE tamanho e gritavam: "Vai 53!" Aí eles voltavam a parecer moleques, como outros quaisquer!

Um pouco antes do final da bike emparelhei com um menino muito simpático. Comentamos sobre o calor e o abraço que daríamos no coisa-ruim na hora da corrida. Rimos os dois. Ele entrou na área de transição logo à minha frente e tinha a maior galera torcendo pra ele: "Vai, Cesinha! Aê, Cesinha!" Eu não aguentei e disse pra ele: "Cara, você tem a maior torcida particular da prova! Também quero!". Aí, a Fabiana que é uma amiga e estava nesta torcida, ouviu o que eu disse e gritou "Vai, Claudinha!". Eu ri e comentei com ele: "Viu?! Não é só você que tem torcida!" Não consigo deixar de me divertir e falar essas bobagens. Mesmo que sabendo que deveria ficar quieta pra poupar energia.

Na transição, coloquei uma viseira, garmin (que não achava o satélite no começo e me atrapalhou um pouco) e não passei mais protetor solar e nem vaselina nas axilas – o que me deixou com uma linda assadura e um bronzeado ma-ra-vi-lho-so - carimbo do diabo. Sai pra correr debaixo daquela lua. Tomei água ou gatorade em todos os postos, pelo menos um golinho. Agradecendo sempre. Coisa que pareceu surpreender os meninos que, muito gentilmente, respondiam entre espantados e felizes: "De naaada! Não tem de quê!"

Corrida - alguém tem um par de panturrilhas aí?
Nos primeiros 9 km – quase metade da prova – senti um tremendo cansaço nas panturrilhas. Inclusive pedi pro Kim um par novo, quando ele me ofereceu água. A Kelly (triatleta, ortopedista e amiga) bem que tentou me emprestar, mas não era meu número. Felizmente, dali em diante, melhorou e consegui correr sem tanto sofrimento. Mantive 5m20, 5h30. Na sombra e nos declives – que são suaves mas a gente sente a diferença – consegui ir um pouquinho mais forte. As palavras de incentivo das pessoas tanto no ciclismo, quanto na corrida, sempre animam a gente. Flavinho (que quebrou no pedal), Pedro (que veio direto de Miami só pra largar e pedalar, mas não fez a corrida), Marcos (que se contundiu em Clearwater mas veio assistir) e Mariana Hubinger (parceira de pelotão) que vieram de São Paulo, Mônica Bolognani, Mariana Prado e Diglu da 5 Ways, a Fabiana, Marcelo e Marcinha da Planet, Rodrigo e o Emerson da MPR, pessoas que cruzei durante a prova como o Lester, Marquinhos, Beto, da MPR,o mestre Vilela, de Santos, a Camila da Trilopez, a Vivi e o Daniel - que tiraram a foto abaixo e, claro, meu filho Martim.  Saber que ele me esperava na chegada não me deixou nem PENSAR em andar.
Chegando feliz. Foto Viviane Blois.

No final, ainda tive de dar um sprint porque uma atleta que eu havia passado no km 15 resolveu que queria chegar na minha frente, se aproveitando do fato de o Martim, me filho, vir correr os últimos metros comigo. E o Emerson tinha acabado de me dizer - você está emntre as dez primeiras! Cuidado atrás!". Mas nós não deixamos! Tirei energia do fundo do coração, o Martim se esfalfou, mas chegamos antes da adversária. Quase alcançamos a Julinha. Por 20 segundos. Teria sido o máximo cruzarmos a linha de chegada os três juntos. A Thelma nem vi. Só ouvi. Ela chegou em terceiro geral, dando pau em duas profissionais e sendo escoltada por motocicletas e suas sirenes. Melhor presente de aniversário, impossível! E ela merece.

Final feliz
Terminei cansada, mas sem cãimbras, nem dores. Fiz a prova em 5h24m03 mas não sei ainda as parciais. Ano passado, foram 5h18m32 mas não estava tão quente – parece que ontem chegou a fazer 35 graus durante a prova. A Ariane por exemplo, fez 4h23m ano passado e 4h30 este ano; a última colocada o ano passado fez em 7h06m e, a deste ano, em 7h36m. Acho que isso quer dizer que a prova foi mais difícil.
Fiquei em 1º na categoria (com quase 30 minutos em cima da segunda colocada) e em 10º no geral feminino. Bom demais para quem saiu do estaleiro há pouco e nem treinou tanto assim.

11 comentários:

  1. Só estou passando pra te dar parabéns pela linda prova, colocação e tempo, tenho certeza que estava duro, li no blog do Ciro que a prova estava *&¨%¨%* mesmo.

    Grande Abraço Claudia.

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  2. Com um texto desse, ir ao inferno e abraçar o capeta parece uma delícia! E a vontade de fazer triathlon cresce outro tanto...
    Parabéns pela prova, Clau! Fico tentando entender de onde você tira TANTA energia!

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  3. Citando um poeta de verdade: "tudo bem quando termina bem" (o de mentira foi a brincadeira com uma letra de música do Cazuza pra descrever a prova no meu Facebook). Bem vinda de volta ao seu lugar...o pódio. De preferência, no lugar que tem o nº 1! Parabéns mais uma vez. Fico muito feliz em saber que em Floripa, vamos estar juntos! Beijos

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  4. Cláudia,

    Você terá um sério problema em 2011. Terá que arrumar tempo e verba para ir para o Hawaii ;-)

    Parabéns pela prova sensacional e pelo resultado (geral, bem aproveitado, curtido, não só a colocação).

    Abraço,

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  5. É muito legal ler seu relato, pois você transforma algo que não é para qualquer um numa prova divertida. Adoro esse hábito de brincar durante a prova e percebo que algumas pessoas ficam incomodadas. Isso mais ajuda do que atrapalha. Pelo visto você já está inteira. Que bom! Parabéns por mais essa.
    Nos vemos pela USP.
    Beijos,
    Joel

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  6. Muito legal!! Parabéns pelo grande feito!!!

    Pri

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  7. Que legal! Moro em Sampa há muito tempo, mas sou nascida e criada em Pira. Sou atleta amadora, mas estou ainda muuuuito longe da sua performance. Quem sabe um dia crio coragem e faço essa prova? Muito legal e motivador ler o seu post!

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  8. Parabéns! Pelo 1º lugar e por ter enfrentado esse calor e ter terminado bem! Eu agora tô no "estaleiro" como você chama... 2 meses. Ainda bem que é final de ano! Beijão!

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  9. Clau que felicidade te ver.Não tem jeito vc exala alegria,então o sorriso abre fácil.Eu te confesso que queria me divertir na prova,mas aquele calor,não dava para brincar.Parecia que tinha um sol para cada um.
    Fiquei muito feliz com o seu resultado,e como vc disse talvez seja melhor não treinar kkkkkk.Beijos campeã.

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  10. Clauuuu!!!!!!!!!!!!! E aí!?!? Ando meio sumido, eu sei. Estou completamente maluco neste fim de ano, aliás, segundo semestre todo foi assim. Provas para aplicar, peças novas para aprender, apresentações, provas para eu fazer, ensaios, trabalhos pra fazer.....Ta brabo.
    Que ótima notícia acabei de ter! Saber que foi tão bem assim!! Fiquei muito feliz em saber que já está pronta pra outra e voltou com força total. Puta resultado!!!!!!!
    Parabéns querida! E ano que vem quero estreiar na maratona e será um prazer e privilégio se eu tiver vc e se possível a Nilma tbm como companheiras de prova, mas dessa vez vou treinar e prometo nao atrapalhar a prova de vocês....
    Beijãoooo

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