quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Meu filho é goleiro e campeão!


No começo, era uma briga. Ninguém queria ficar no gol. E todos eram goleiros-linha. Até pouco tempo atrás, eu chegava em casa e a discussão era sempre a mesma. Ian ou Félix choramingando “ah mãe, bem na minha vez de chutar o Martim não quer pegar no gol!” Mas, aos poucos, ele foi criando menos caso e passando mais tempo embaixo das traves – ou melhor, entre os cones, pois não temos traves.
Então, ele pediu uma luva de goleiro. Engraçado, os pequenos o imitaram e também passaram a se interessar em catar no gol. A briga então se inverteu. Mas, como ele é maior do que os gêmeos, se impôs como goleiro titular absoluto do nosso time caseiro.
Ainda assim, fiquei surpresa quando soube que ele é o goleiro do time de futsal da escola. E também do time do Ilhas do Sul. Uma coisa, é ser goleiro-caseiro. Outra, é ser goleiro de um time. Com camisa número 1 e tudo.
Até então, eu sabia que o time da escola estava participando de dois campeonatos. Mas toda operação leva-e-traz de treinos e jogos estava por conta do pai. Vez ou outra, sobrou para mim, e fui buscá-lo nos treinos mas não tinha assistido a seus jogos.
Eis que há duas semanas e pouco, fui convocada para trabalhar num domingo, o marido então levou os pequenos para o sítio de seus pais e eu precisava dar um jeito de fazer com que Martim fosse ao seu jogo. Meu salvador da pátria foi o Vagner, amigo e motorista profissional, que foi em casa, deu almoço e levou o Tim ao jogo, junto com o Theo (meu mais velho) e o Yuri (meu sobrinho). Mais tarde, quando liguei para agradecer ele me conta que o jogo foi empolgante. Seis a zero, graças ao Martim que fez defesas espetaculares.
O Theo, que também joga futebol, fez um relato entusiasmado: “Mãe, o Martim catou muito!”. Olha que ele não é de levantar a bola dos irmãos. Deveria ser verdade.
Decidi que queria ver com meus próprios olhos. Então, sábado passado, depois de um exaustivo treino de bike e corrida, de carregar caixas na DE Centro-oeste, fui, em excursão familiar a Santana, assistir ao jogo da semifinal da Copa Center Norte, contra um time subnove de Guarulhos.
Martim, sem estresse, sentado no banco de trás, foi conversando com o irmão e o primo, enquanto eu roia as unhas e o Roi praguejava contra os semáforos que insistiam em ficar vermelhos e contra as pessoas que insistiam em usar o carro no sábado em vez de ficar em casa. Chegamos em cima da pinta.
Fábio, o técnico, quando viu Martim chegando, a 5 minutos do início do jogo, falou “Pô, cara, quer me matar do coração?!”
Então sumiram pelo vestiário adentro.
Dali a pouco o time, já uniformizado, entrou em quadra.
Então vi um filho que eu não conhecia. Tranquilo. Dono da situação. Concentrado em seu ofício.
O árbitro convoca os capitães. Quem é o capitão do time do Martim? Ele mesmo. Sorteio. Início de jogo.
Os times estavam nervosos. Alguns de nossos jogadores, ansiosos, erravam muito.
Martim não teve muito trabalho no começo do jogo. Mas depois o time adversário se acertou e passou a atacar mais. Martim defendeu uma, outra e mais outra. Repunha a bola em jogo, sempre procurando um jogador bem posicionado. Senhor de si.
Eu, por outro lado, estava absolutamente ensandecida. Gritava, me descabelava, suava em bicas.
Gol do nosso time! Que alívio. Comemoramos mais do que quando é o timão.
Mas, num lance de falta de sorte, a bola veio alta, bateu na quina do travessão e entrou, o adversário empata. Tensão novamente.
Mas Martim está lá e defende uma, outra e mais outra. O pai, nervoso, é convidado pelo árbitro a sair do meio da quadra e ir torcer na arquibancada.
Mais um gol nosso. Ufa. E mais defesas do Martim.
O tempo custa a passar.
Final de jogo. 2 x 1, vaga na final do campeonato. Martim é aplaudido até pela torcida adversária.
Senti um misto de orgulho, alegria, vontade de chorar. Fui tomada por uma corujice de primeira grandeza.
Ele é o filho do meio e, como se um não fosse suficiente, tem DOIS irmãos caçulas com pouca diferença de idade. Sempre teve (e tem) dificuldade em saber qual é o seu espaço nessa família, vive arrumando encrenca com os irmãos, achando que o seu lugar foi ocupado por eles. Mas eis que ele encontrou um lugar ao sol, entre as traves. Ali, apartado do time, ele reina absoluto em sua pequena área. Que bom para ele!
Sinceramente, ainda não descobri o que isso tem a ver com triathlon ou com Iron, mas deve ter. Quando eu souber, escrevo. Se alguém tiver alguma idéia, poste um comentário, por favor!

EM TEMPO: A final da Copa Center Norte sub 9 acabou de acontecer e o time da Projeto ganhou por um magérrimo 1x0, pra desespero da equipe do Jardim São Paulo que já havia derrotado o nosso time nas três outras vezes em que se confrontaram. Martim foi o herói inconteste do dia. Fechou o gol. E o time da JSP saiu inconformado. Além do troféu e das medalhas ganhos pelo campeonato, Martim foi eleito goleiro destaque e levou vários presentes além de um troféu só seu. E eu, de novo, estou rouca e orgulhosa.

2 comentários:

  1. o q tem a ver? uma coisa fora da normalidade para muitos e uma paixao para poucos.
    os goleiros tem uma gde vantagem, nao pagam as peladas e sempre tem aonde jogar.

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  2. Parabéns, vamos torcer pra daqui a uns anos ele estar no lugar do Felipe, jogando pelo nosso timão na final da Libetadores!

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