segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Peixe que ronca, galo que canta ou Pirassununga 2009



Sexta-feira, 20 de novembro, dia da consciência negra e do aniversário da Thelma, passamos no super e partimos rumo à Pirassununga: Marcos (meu amigo triatleta citado neste blog toda hora) e Thelma (idem!). Sobrei com o Uno Mille do marido que bravamente enfrentou a long distance até a terra do peixe que ronca.
Lá chegando passamos na DOÇARIA da LAURA onde pegamos a cheesecake que eu havia encomendado para comemorarmos o cumpre anos, passamos no depósito PIRA FESTAS onde pegamos a chave de nossa chácara e dali fomos para a Cachoeira das Emas.
Chegamos ao entardecer, debaixo de uma chuva esparsa, que ia pingando suas últimas gotas depois de uma pancada mais forte. A casa, antiga e rústica, tinha, em sua localização e vista, seu ponto alto. Ficamos à beira do rio Mogi, num terreno com muitas árvores. Sentamos na varanda, aspirando aquele arzinho molhado, com cheiro de terra fresca e jogamos um pouco de conversa fora enquanto comíamos uns pãezinhos.
A chuva parou e o clima estava convidativo. Decidimos sair pra uma corridinha fart-lek. Corremos naquele ritmo pré-prova, bem tranqüilo, que dá vontade de ficar horas e horas sem parar. Ainda mais naquela paisagem, falando besteira, dando risada, sem nenhuma preocupação a não ser abrir mais um pouco o apetite para um jantar no restaurante Beira-rio.
Jantamos bem, com direito à torta de sobremesa e tudo e voltamos ao lar doce lar.
Passamos a manhã seguinte também de papo pro ar, como manda o figurino. Maior esforço foi o de picar cebolas e amassar alhos. A cozinha era um enorme galpão, de frente ao rio, com direito à piscina e tudo. O melhor lugar da casa.
Fomos para AFA buscar nossos kits e encontrar o resto da turma - Julinha, Lenadro, Anderson e sua esposa, que também ficariam hospedados conosco. Na foto ao lado: Julinha, Marcos, Thelma, eu, Anderson e Ligia, sua esposa e Leandro
Pena que não conseguimos autorização para entrar pela portaria norte da Academia, pois estávamos a 5 minutos dela. Tudo bem. Em 30 minutos chegamos à entrada sul. Pegamos o kit, encontramos o povo e voltamos em comboio.
Chegando lá, atarraxamos nossos umbigos na mesa de madeira da nossa cozinha-galpão e passamos horas falando besteira, dando risadas e comendo bisnaguinhas. Aliás, a bisnaguinha era o prêmio para quem estava falando muita besteira. “Come uma bisnaguinha, aí!” foi a senha para as maiores bobagens. Marcos levou o troféu bisnaguinha (na foto abaixo, adivinhem o que ele está comendo?). Não sei de onde tirou tanta piada infame!
Foi um momento relax. Não somos todos super íntimos ou amigos próximos, mas deu uma liga muito boa.
Antes de começar a produção do jantar fomos fazer os preparativos para o dia seguinte: colar adesivos no capacete, gel na bike, separar as roupas, colocar número de peito na faixa, preparar as misturas de accelerade... todas essas coisas. É uma função muito peculiar: uma mistura de festa com oficina. Risadas, tesouras, brincadeiras, adesivos, dicas, pneus sobressalentes, piadas, caramanholas, lembranças...
Voltamos ao nosso galpão onde produzimos coletivamente um belo gnocchi ao sugo, devorado em questão de minutos. Mais bisnaguinhas foram distribuídas. Thelma (em plena ação, na foto abaixo)entrou num transe preparando seus saches de batata. Ficou meia hora pra entuchar dois “chup-chups” de purê melequento. Tentou várias técnicas, usou até funil. Foi difícil, mas ela não desistiu enquanto não completou a operação.
Cada um se recolheu no seu canto por volta das 10h30.
Para mim, é muito difícil dormir na véspera da prova. Bate uma ansiedade que tira o sono. Fiz uma mentalização da prova e quase dormir antes de chegar à primeira transição. Acordei e consegui começar o pedal. Daí cochilei de novo. Então acordei e fui até o fim, cheguei exausta e cheia de endorfina, comemorando o ótimo tempo que fiz. Resultado: despertei e cuuuuustei a pegar no sono.
Quando estava no melhor dele, um galo cantou. Outro respondeu e mais um, ao longe, também entrou na conversa. Devia ser umas 3h30. Não acreditei. A cantoria se estendeu até a hora que meu despertador soou. Eu queria transformar o maldito em canja. Bom. Já tinha uma desculpa caso não tivesse um bom desempenho. O galo cantor.
Arrumações finais e vamos nós, num comboio ultra pontual, rumo à AFA. Combinamos saída às 6h15 e saímos 6h17! Só triatletas, obcecados por tempo, conseguem uma façanha dessas.
Dia raiando no caminho, céu claro, com nuvens esparsas, temperatura amena.
Arrumei minha bike na transição. Lembrei de deixar numa marcha bem leve (já aconteceu de eu esquecer) e não deixei as sapatilhas presas. Ainda não tenho segurança pra fazer isso. Preferi não arriscar.
Troféu bisnaguinha para o animador de plantão. Como este povo que eles contratam pra fazer as vezes de mestre de cerimônias fala besteira quando estão com microfone na mão. Parecem todos Xuxas ou Faustões frustrados.
Fui pra perto do laguinho/açude onde íamos nadar. Fui atacada por formigas. (Meu pé está coçando até hoje.) Felizmente, separaram as largadas e saímos 5 minutos depois dos homens.
Não nadei bem. Não sei porque, mas fiz um tempo pior do que imaginava. Era um trajeto tranqüilo e eu consegui ver as bóias sem problema. O que atrapalhou foram os homens lerdos. Fiquei impressionada com a quantidade de “pregos” que ultrapassei. Muitos touquinhas laranjas. Muitos.
Na transição da bike perdi um tempo passando protetor solar em spray. Valeu a pena. Não fiquei torrada como alguns que vi.
Logo que saí, percebi que a minha quickdrink estava solta. Parei, desci da bike, tirei do suporte, passei a fitinha de velcro pelo buraquinho, coloquei a garrafa de novo e fechei. Pedalei mais 100 metros ela soltou de novo. Não poderia ficar sem. Só tinha uma garrafa que estava com accelerade e a quickdrink. Saco.
Cheguei num fiscal da prova e pedi ajuda. Ele foi um anjo. Tirou o barbante de seu apito e firmou a garrafinha. Resolveu meu problema. Perdi uns 3 minutos preciosos, mas não dava pra dispensar a QD.
Segui confiante. O único problema era o barulho que fazia. Parecia uma escola de samba. Como o asfalto não é dos mais lisinhos, foi uma bateria e tanto.
No final da primeira volta, depois de um retão e uma descida, vinha uma subidinha. Se não fosse o Kim gritar “solta a marcha, solta a marcha”, acho que eu teria perdido o embalo e chegado muito mais lenta. Depois, não esqueci mais.
Fiz duas voltas mais conservadoras. No meio da segunda, um momento especial: passou por mim um atleta, perguntou se eu era a Claudia e disse que segue este blog. É o Maurício – Cachaça, de Santos, que eu não conhecia. Fiquei muito feliz e confesso que foi um graande estímulo pra continuar escrevendo. Valeu, Cachaça!
Mas, voltando à prova, marquei a velocidade que estava em alguns pontos e prometi a mim mesma que tentaria superá-la nas voltas seguintes. Assim o fiz. Fiz força mesmo. Preste atenção na paisagem, pensei em como aquele lugar parece um mundo à parte, tomei água, tomei gel, dei tchauzinho pras poucas crianças que apareceram, tomei gatorade, urrei a cada vez que passei em lombadas, tomei água, bufei um pouco nas subidas, comi stiksy, não fiquei na roda de ninguém, tomei água, agradeci o fiscal que me ajudou em todas as voltas, ultrapassei alguns homens, comi batatinha, fui ultrapassada por alguns,tomei gel, ultrapassei algumas mulheres e quase não fui ultrapassada. Passou rápido.
Quando desci da bike, percebi que estava cansada. Minhas pernas não queriam me obedecer. Pra piorar, é uma subidinha. Argh.
O Emerson, meu técnico, me empurrou ladeira acima. Vambora. Mormaço, bafo, água, gatorade, uf uf, gel, puf puf, no meio do canavial. O garmin ficou maluco com as nuvens e se recusou a dar meu pace. Só ficava apitando. Agua, gel, puf puf, estrada de terra, poças de lama, água, esguicho na cara. Cruzo a Julinha que me dá um gelo na mão. Jogo nas costas. Passo na tenda da MPR e grito “cadê a torcida pôôÔ!?” Eles respondem à altura “Vai Clau, vai Claudia, você tá bem, ta correndo soltinha!” Completo a primeira volta! Eeeeeeba. Tem de pensar: já foi o aquecimento, agora começou, agora falta pouco. Puf puf, água, puf puf, calor. Energético 220 volts, eu pego brincando com a mocinha ”bzzzzzz!”, puf puf 5h14/km, 5h15/km o Garmin acorda. Lá vou eu pro canaviááá. Me sinto uma pinga queeente, ardida. Não agüento mais gel. Ponho na boca e cuspo fora. Blergh. Estrada de terra, puf puf, água, poças de lama, água, esguicho na cara...Tá chegando! Tenda MPR, a torcida viiiiibra. Puf puf. Lá vou eu.
Não sobra energia pra dançar. Passo a chegada e a luz quase se apaga. 5h18m34s.

(Tou devendo mais fotos).

4 comentários:

  1. Pra mim já é Ironwoman. O Iron em 2010 vai servir só pra tickar da lista...

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  2. Nossa Campeã !!! ...que orgulho !!!

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  3. Os galináceos voltaram a visitar o blog, sina. Parabéns pela prova e organização da nossa republica de triatletas!

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  4. parabens pelo resultado. senti que nao teve medo e foi pra cima.

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