quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Quem não arrisca não petisca?

Vou fazer o Long Distance de Pirassununga pela primeira vez. Desisti mesmo de Clearwater — que foi sábado passado. Ainda bem. Justamente na semana passada tive problemas sérios e inadiáveis no trabalho. Daquele tipo que não teria sido possível virar as costas e ir tranquilamente embora pra Florida. O preju teria sido muito maior do que os US$ 300 que paguei pela inscrição.
Pira será, provavelmente, meu último meio iron antes do Iron inteiro.
Estou tentada a ousar mais nessa prova. Marcos Paulo, técnico e chefe do meu técnico, me fez esta recomendação explicitamente: “Vai pra cima. Você não tem nada a perder.”
Nas três provas de longa distância anteriores fui conservadora. Nadei forte, mas não no limite. Fiz um pedal cauteloso, tentando aumentar paulatinamente a minha média, na corrida também fui num crescendo e forcei apenas no último terço. Mas dancei no final. Dancei mesmo, na linha de chegada, uns passinhos ritmados, ao som da dance music que rolava no pórtico. Ou seja, como disse o Cris Kitter, fotógrafo e triatleta (entre outras coisas), estava sobrando energia. Eu poderia ter feito mais força. Eu poderia ter feito mais força? É provável, mas não sei.
Uma das grandes aquisições para um atleta – seja profissional ou amador - é o autoconhecimento. Não apenas prestar atenção aos sinais do corpo mas saber interpretá-los e tomar decisões acertadas com base nessa interpretação. Eis aí uma das coisas que a gente só aprende depois de muita experiência. Muitas provas. Até onde posso forçar sem quebrar nos quilômetros finais da corrida? Devo beber mais água agora? O que consigo comer e que não me faz mal? Quanto consigo comer? O calor muito forte vai diminuir minha tolerância à alimentação? (O Percival Milani em seu livro A travessia do Canal da Mancha discorre muito bem sobre autoconhecimento. Recomendo.)
Essa aprendizagem só é possível quando podemos testar as variáveis em diferentes situações. Já aprendi, por exemplo, que consigo me alimentar de sólidos mesmo quando estou correndo. Minha digestão não pára. Também aprendi a me hidratar no pedal ainda que não esteja sentindo nada de sede.

Em Pira o sol vai castigar. Particularmente durante a corrida. Até hoje, resisti bem ao sol: São Silvestre, Internacional de Santos, Penha e Clearwater. São Silvestre faz tempo, Internacional de Santos foi no começo deste ano e eram só 10k, Penha estava quente mas é sul do Brasil e era fim do inverno, Clearwater foi no outono americano. Em matéria de calor, portanto, não sei já passei pelo que imagino que irei passar em Pira.
Pensando bem, é uma ótima ocasião para testar alguns limites. Forçar mais a bike a partir da segunda metade da prova e imprimir um ritmo acelerado já na primeira metade da corrida e não só nos quilômetros finais. Não sei se terei coragem. Não sei se meu forte instinto de preservação vai me deixar chegar mais perto da exaustão. Mas estou com uma coceirinha, uma vontade de tentar ir um pouco mais longe, um pouco mais além.

2 comentários:

  1. Rose, pode se preparar msmo, o sol, mas principalmene o calor, em Pirassununga é cruel. A corrida é na cidade? Você tem onde ficar? beijos, Lú

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  2. se é para testar o corpo acho que é o caminho. treino no sol e é punk. tem que hidradatar, hidradatar e hidradatar. sucesso por lá.

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