sexta-feira, 18 de junho de 2010

Depois da linha de chegada



No atendimento
Terminada a prova, ainda ali na área próxima ao pórtico, comecei a me sentir meio zonza. Despedi-me dos meus filhos, encarregando o mais velho de levar os três menores até onde estavam meus pais e fui pro atendimento.
O médico me examinou e disse que eu não estava desidratada, minha pulsação estava boa, mas se eu estava meio tonta, poderia ficar deitada um pouquinho. Acabou me dando um sorinho. Passado um tempinho, comecei a me sentir melhor e a achar sacanagem ficar ocupando uma maca sem necessidade. Outro médico veio e começou a falar umas barbaridades. Disse que eu iria urinar sangue e que provavelmente não iria menstruar este mes. Não acertou nenhuma de suas catastróficas profecias.
Então, enrolada num cobertor de desabrigada e numa toalha de Ironman, peguei a minha merecida medalha, a camiseta de finisher e sai da confusão.

Pizza
Demorei pra encontrar minha família. Lição nº1: marque um ponto de encontro para depois da prova! Cansei e simplesmente sentei na calçada até aparecer alguém.  Estava sem poder nenhum de decisão. Só sabia que queria comer alguma coisa quente e salgada. Irene, minha sogra, me pegou pela mão e me levou até uma grade. Do lado de lá estavam as pizzas e a Nilma. Não tive dúvidas. Pulei a cerca e um guardinha veio me dizer que tinha de dar a volta. Olhei pra cara dele e disse "acabei de correr 42 km. Você não vai me fazer dar toda a volta, vai?" Acho que fui convincente. Ele deu um sorriso e me deixou seguir em frente.
Encontrei a minha amiga Nilma, devoramos alguns pedaços daquela pizza sem-vergonha como se fosse a pomodoro do Babbo Giovanni e saímos dali.

Fim da bateria
De novo me perdi da família, de novo sentei na calçada. Achei que tinha combinado um lugar.... mas me enganei! Lição nº2: combine o lugar de encontro DIREITO! Por fim eles me acharam. Passei o chip pro meu pai e ele o o meu marido foram buscar a bike e as sacolas. Não conseguia me imaginar fazendo esta operação. Lição nº3: escale um ou dois elementos pra fazer essa operação pra você depois da prova.
Meu marido foi pedalando e eu fui com meus pais até minha pousada. Precisava de um banho quente. Com as ruas bloqueadas, chegar lá pareceu um pesadelo kafkaniano. Lição nº4: estude o itinerário de volta pra chegar ao seu banho e roupas limpas e quentinhas para não viver um pesadelo kafkaniano.
O quarto não havia sido nem limpo nem arrumado. Fiz uma trouxinha e fui pra Canasvieiras dormir com a família. Subir e descer os dois lances de escada foi doloroso.
O plano era sair pra jantar. Mas, àquelas alturas, não tinha mais sobrado nenhuma energia. Fizemos um brinde com um Asti espumante que ganhei de um amigo no meu aniversário e guardei pra ocasião Mal tomei uma taça. Não descia.
Tomei um sopinha que minha sogra trouxe de um lugar próximo e fui pra cama.
Até a adrenalina baixar, levou um tempo. Mas consegui dormir.

Cinzas
O day after lembra um pouco uma quarta-feira de cinzas. Fantasia rasgada, um pouco de ressaca, um misto de alegria por ter feito bonito no sambódromo e de tristeza porque o momento de glória no sambódromo foi tão efêmero, passou tão rápido. Mas, assim como o carnaval, tem Iron de novo o ano que vem.

3 comentários:

  1. É a mais pura verdade Claudia,passa muito rápido.2009 eu não curti nada,mas esse ano fiquei umas 2 horas,dentro da tenda.Fiz massagem,comi,bebi,vi os amigos chegando,ajudei gente que estava no soro e queria comer pizza.comi sozinho duas bandejas daquela pizza safada.Ou seja curti um pouco mais o momento e recomendo que vc faça isso ano que vem,é a melhor parte.Beijão

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  2. O melhor é o último comentário: "tem iron de novo o ano que vem". Significa que teremos mais um ano de posts maravilhosos e inspiradores. Parabéns!
    Sérgio Melo
    http://correndocomsaude.blogspot.com

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  3. O melhor da jornada é o caminho, e não o destino.

    Abraços!
    Rodrigo Stulzer
    transpirando.com

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