quinta-feira, 3 de junho de 2010

Iron 2010, diário de uma insanidade ou 11 horas 35 minutos e 17 segundos que levaram quase um ano pra acontecer


Parte 3 (partes 1 e 2, abaixo)

Jantar de massas

Estava em dúvida se ia ou não ao jantar de massas mas, como a família topou e o preço não era extorsivo, fomos todos.

O lugar, o clube P12, era muito bonito. Decks de madeira, espreguiçadeiras e piscinas, ali, mirando o mar. Num dia de sol sua localização é privilegiada. A desvantagem é que as pessoas ficaram separadas, pois o espaço é todo dividido e, no nosso caso, ficamos longe do palco e nos sentimos fora da cerimônia. Nem ao menos um telão havia lá para que pudèssemos acompanhar os acontecimentos. Mal e mal ouvíamos o que era dito pelo microfone. Só prestei atenção quando escutei que o Vilela estava sendo homenageado.

As mesas eram grandes e a família sentou reunida. Pena que não deu pra ficar também junto com os amigos. Nem sempre se pode ter tudo.

A comida estava razoável e faltou refri sem açúcar pra turma light e diet. Como se pode ver pelas fotos, estou alegre, mas tenho um certo brilho assustadiço nos olhos.

A família quis ir comer um doce de sobremesa. Acompanhei-os até a sorveteria mas, no momento em que olhei o relógio e vi que eram 21h20 e e eles ainda decidiam se iam de sorvete ou de petit gateau, pedi licença e fui pra rua pedir carona.

Primeira "dedada" e... surprise surprise! Dois velhos conhecidos: Andreson - atleta MPR - e sua espoesa Ligia, parceiros de aventura em Pirassununga, 2009.

De volta à minha agua furtada, fiz uma vistoria atrás dos meus companheiros de quarto. Afinal, não estava podendo nem com o marido, iria aguentar perninlongos? Armada de travesseiro e toalha exterminei os quatro que me esperavam na surdina.

Não dormi o sono dos justos, mas consegui descansar.

Sexta - o dia das sacolas

Não era o dia D, mas quase. A preparação pra prova é mega importante e hiper difícil. Como eu não sou tatu e nem master em logística, convoquei os dois doutores no assunto: meu pai e meu marido e ainda torci para que a Gra chegasse a tempo de dar o seu ok. Afinal ali, nenhum dos três tinha participado de iron.

Durante meu café da manhã solitário, com as listas da Thelma em mãos, comecei a fazer as minhas próprias listas.

Foram seis:

1. Azul - bike
2. Verde - special needs bike
3. Amarela - corrida
4. Vermelha - special needs corrida
5. Branca - geral
6. Preta - natação

Roi e meu pai passaram pra me buscar e fomos até Canasvieiras, onde eles ficaram hospedados, pra eu dar uma olhada nas famosas subidas de Jurê-Canas-Jurê e aproveitar pra dar uma beijoca nos meninos.

Quando vi as tais subidas fiquei confiante. Nada que eu não tivesse treinado na USP, na Aclimação e até em Águas de Lindóia.

Depois, voltamos pro meu cafofo para arrumar as sacolas.

Coloquei as seis em cima da cama com as respectivas listas ao lado. Conforme aprendi com a Viveka em Clearwater, primeiro a gente coloca as coisas EM CIMA das sacolas, depois de conferir pela enésima vez é que coloca dentro.

Assim fizemos. Meu pai, Roi e eu. Havia aquela mala com as coisas mais importantes que eu ainda não havia mexido nela. Foi por ali que começamos. No meio do processo, a Gra chegou. Isso foi ótimo pois ela me ajudou a tomar as decisões finais e fazer alguns ajustes, do tipo colocar uma blusa mais grossa na special needs da corrida, caso a tal massa de ar polar (que aquelas alturas a meterologia previa) realmente chegasse, a deixar uma dose extra de accelerade pronta também nesta sacola e a me livrar do cinto de hidratação depois dos 21km.

Decidi ir sem a palmilha, decidi colocar no special needs da corrida um tênis diferente do que sairia para correr e prendi um gel na bike para tomar logo na saída. Seria o único da bike.

Então, para registro, as sacolas ficaram assim:

1. Azul - bike
- sapatilha
- meia
- meia de compressão
- camiseta de ciclismo
- capacete
- cinta com nº de peito
- óculos escuros
- luvas
- chamois butter
- manguitos
- corta vento
- toalha
- bandana rosa previamente preparada (com mini elásticos deu certinho!!!)
- comidinhas: batatinhas, bisnaguinhas, minhocas goma, stiksy, goiabinha, bananinha
- protetor solar

2.Verde - special needs - bike
- outra camiseta ciclismo
- mais comidinhas, idem sacola bike
- endurox R4 (que foi colocado na manhã seguinte, congelado)
- farmácia: luftal, Eno, dorflex e advil
- kit socorro bike: pneus sobressalente, 2 cápsulas CO2, câmera, silvertape

3. Amarela - corrida
- toalhinha
- tênis newton
- meia injinji
- Garmin (colocado no dia seguinte)
- camiseta manga curta
- manguitos
- viseira
- cinturão de hidratação com 4 géis no bolso e BCAA num potinho plástico
- garrafinhas do cinturão com accelerade (levei no domingo)
- géis
- bananinha e goiabinha
- kit farmácia: micropore, vaselina, luftal, Eno, dorflex e advil
- protetor solar
- óculos escuros sobressalente
- nº de peito reserva

4. Vermelha - special needs corrida
- blusinha skarp manga comprida
- casaquinho mais grosso
- tênis mizuno
- meia injinji
- caramanhola com accelerade (levei no domingo)
- kit farmácia: micropore, vaselina, luftal, Eno, dorflex e advil

5. Branca - geral
- caramanhola com Endurox R4 em pó
- ornitargin, multivitamínicos, vitamina E, C e Omega 3
- roupa de borracha
- óculos de natação
- 1 gel para antes da largada
- macaquinho reserva pro caso de querer trocar a roupa antes de pedalar
 POR CIMA DA BRANCA
- top e bermuda que iria vestir (estava decidida a nadar, pedalar e correr com a mesma roupa, mas levei uma roupa resevar caso mudasse de idéia)
- roupa pra por cima pra ir pra largada e pra vestir na chegada
- chinelo
- chip

 6. Preta - natação
- Vazia!
Em cada uma delas coloquei duas obs - pois, ainda por cima, corria o risco de menstruar durante a prova.

Depois de conferir umas 200 vezes e marcar as coisas que não estavam na sacola e deveriam ser colocadas no dia seguinte, comecei a preparar as bebidas: 1,5 de Endurox R4 numa caramanhola, mas 1,5 em outra, accelerade pras garrafinhas do cinto e mais uma dose aguada do special needs. Fizemos uma lambança fenomenal pela enorme suíte: paredes, chão do quarto e do banheiro, pia, toalhas... tudo ficou lambuzado de endurox e ou accelerade.
Terminado este serviço, combinei com meu pai e Roi que eles iriam todos me encontrar as 16h15 para irmos pro check in da bike onde não apenas eu iria entregar as sacolas mas também encontrar a fotógrafa que iria começar o registro da prova.
Fui com a Gra e o Junior almoçar de novo no Taikô. O vento, desta vez, estava assustador. Não deu nem pra sentarmos lá fora.
Eles me deixaram nas Alamandas e, de novo, fiquei curtindo um pouquinho da Roland Garros até a hora marcada.

Bike check in
Às 16h15, pontualmente, a torcida não uniformizada bateu à minha porta.
Fui pedalando, enquanto eles, de carro, levaram as sacolas azul, amarela e preta.
No caminho fui conversando com um atleta, Leonardo, de MG que, em poucos minutos, me deu um conselho de quem já tinha alguma experiência. "Não lute contra o vento. Apenas pedale." Agradeci, e segui meu caminho.
A fila de entrada era imensa. Mas aquela folia! Julia, Gra, Junior, Marcos e seu irmão Alcy,  Lidiane, Kim, Nilma, Evandro... todo mundo lá!

Logo em seguida chegou meu técnico Emerson, junto com o chefão, MPR que  fui apresentar aos meus pais. Tinha certeza de que eles iriam me elogiar! Queria que meus pais ficassem orgulhosos de mim. Que importa que eu tenha 46 anos? Quem não gosta de "se mostrar" pros pais?

Meus sogros e meus pais estavam impressionadíssimos com o clima de festa instaurado naquela fila. Mas nem em show de rock o astral é tão animado e festivo.

Chamei Theo, meu filho mais velho e fomos pro fim da fila. Enquanto a fila andava vagarosamente, ele tentava me convencer de que seria uma boa idéia ele se inscrever na corrida do Arrastão no fim do ano e levar o seu cachorro  - o fox paulistinha, Pudim - pra correr junto. Não sei, não. Talvez ele estivesse fazendo uma dieta da supercompensação pra ter uma idéia dessas, naquela hora. E ele ainda brigou comigo "Mãe! Você não está prestando atenção! Não é uma boa idéia?"

Quanto mais perto ia chegando da entrada, mas elétrica eu ia ficando.


Entrei, fui acompanhada de uma simpática voluntária e do marido da fotógrafa que me deu dicas boas pra localizar rapidamente minha bike: entraria no corredor em frente à logo da Latin Sports e minha bike estaria bem de frente do painel da Giant - sua própria marca.
Zerei o cateye, ajeitei a capa que nos foi dada para proteger a bike e então, devidamente fotografada, entrei na área das sacolas.

Aprendi fácil onde era meu cabide da sacola azul: passando o corredor H, entrada à esquerda,  no fim do primeiro suporte, onde tem um metal amarelo (diferente do resto)  no alto.
Sacola da corrida, no corredor do outro lado, no alto também.  Tudo muito simples.
Missão cumprida.
Saí dali e encontrei a turma. Fomos pra areazinha onde havia café e pastéis. Julia estava batendo figurinha com os meninos, Marcos entrevistava todo mundo, Roi papeava com os amigos, minha mãe e minha sogra faziam novos amigos, meu sogro e meu pai zanzavam por ali filmando e fotografando.

Encontrei o Sarhan que, quando pedi uma dica de quem já tinha experiência, disse "Divirta-se!" Minha mãe adorou esse conselho.
Estava gostoso ali. Era a véspera da prova, aquela hora que fica uma tensão densa e agradável de expectativa no ar.

A noite da véspera
Pedi ao Roi que fosse jantar comigo. Só ele. Isso deu uma certa confusão na logística dos carros, mas conseguimos nos acertar.
Fomos nos dois, a pé, ali pertinho. jantamos uma comidinha caseira e comi o máximo que aguentei:
- Prato GG de macarrão com molho vermelho
- Filé de frango pedaço P
- Batatas assadas M
- Sopinha creme de batata e cenoura com macarrão P
- suco de laranja
Conversamos calmamente. Eu até que estava disfarçando bem minha ansiedade.
Tomei minhas vitaminas, me troquei e deitei. Mentira! Ainda preparamos as batatinhas com sal e orégano,  as bisnaguinhas com creamcheese light e geléia e os embrulhinhos com stiksy.
 Roi foi embora. Fiquei sozinha com todos os meus sonhos e expectativas para tentar dormir.

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