Uma semana depois
Converso animada até uma da
manhã. Estão todos visivelmente aliviados em me ver bem. Inclusive eu mesma.
Minha irmã e meus pais se despedem. Meu marido arruma a cama de acompanhante e
capota. Não foi um dia fácil pra ninguém.
Com a cama hospitalar
reclinada, me recosto e cochilo na medida do possível. Durante toda a
noite, enfermeiras entram e saem do
quarto para medir a pressão e a temperatura, trocar o soro verificar a sonda,
colocar medicações.
Ao amanhecer, o cirurgião vem
para a visita. Abre um sorriso e comenta que já não tenho mais a palidez
cadavérica dos que tomaram anestesia geral.
Diz que tudo correu bem mas que devo ter paciência, pois, foi uma
cirurgia grande, que requer muita calma no processo de recuperação.
26 de fevereiro
Acordo antes das 4h30, antes
mesmo de tocar o despertador. O marido, pelo jeito, desistiu de treinar, pois
continua dormindo. Meu bilhete ansioso continua no mesmo lugar, junto ao
espelho do banheiro. Deixo lá. Espero que ele veja quando acordar e me ligue. E
diga que não é nada. Que vai ficar tudo bem. E que venha me abraçar.
Vou pra USP pedalar. Direto pra
Bolinha (praça da Reitoria) e lá fico girando girando girando. Encontro um e
outro amigo e converso amenidades como se nada estivesse se contorcendo dentro
de mim. Quebrei no Internacional. Na corrida? Deve ter sido o calor. Não, não
foi o calor. Tive umas dores estranhas no abdômen. E, quando digo isso, volto a
pensar no assunto. Será que foi por isso que quebrei? Porque estou doente?
Muito doente? Tento espantar esses pensamentos pra longe acelerando meu giro. Consigo, por alguns instantes, esquecer do
assunto. Mas ele retorna. Uma ideia que parece ter um anzol, vai se enganchando
em qualquer pensamento.
O celular, que ficou junto ao
corpo, não tocou. Sinto-me só com aquele medo todo. Então vejo Pedro terminando
sua corrida.
Pedro é um amigo próximo,
querido, feliz. Ele me chama de fanfarrona.
Logo percebe que o assunto é
serio. Faço um breve relato da minha angústia. Não há de ser nada. Mas, se for,
você vai tirar de letra. Queria ter essa certeza. Vou me embora depois de prometer que o manterei
informado.
Ao entrar no carro, vejo que
Daniel me respondeu. Sua mensagem me acalma um pouco. Fica sossegada. Isso não
é absolutamente nada. Fica tranquila e assim que falar com o seu medico, liga
pra mim. Estarei na Digimagem a tarde e acredito que não vai ter problema algum
em fazer um encaixe hoje mesmo. Bjo
O que eu não sabia é que ele só
tinha recebido um pedaço do laudo, que mencionava “cistos parapiélicos” e não a
parte mais tenebrosa.
Chego em casa, torcendo para
encontrar o marido. Mas ele já foi. Subo correndo. No banheiro, confirmo que o
bilhete foi lido. Mas a resposta é curta, despreocupada. Tenho vontade de
chorar, mas acho melhor ligar pro meu médico.
Consigo achá-lo em casa. Leio o
trecho do laudo sobre o rim E. Ele também não gosta e diz que o caso deve ser
tratado por um especialista na área, um cirurgião urologista, já que,
provavelmente, pelas características e localização – está desviando fluxo
sanguíneo do rim – precisará ser retirado.
E o próprio cirurgião deve decidir qual exame complementar pedir –
tomografia ou ressonância.
Ligo para minha mãe e peço que
ela contate o urologista que cuidou do meu pai para saber que exame fazer. Ela
fala com ele, que pede uma tomografia computadorizada.
Imediatamente aciono o Daniel
por mensagem, pedindo a ele que me encaixe em algum horário.
Não são 9 horas. Preciso
ir pro trabalho.
(continua)
Claudia, continuarei acompanhando seu relato por aqui, mas espero que, a esta altura, você já esteja bem (e certamente, uma pessoa ainda mais forte).
ResponderExcluirbjs
=)
Oi querida! Obrigada! Um beijão pra você.
ResponderExcluirClau
ResponderExcluirFala muito.
escreva logo um livro...
consegue transformar todas as palavras em sentimentos.
Parabéns
Agora temos muito para comemorar.
bjos...muitos bjos