David, Paéco e Paula, - metade da equipe, antes da largada. Os outros estavam no PC1.
Este sábado participei junto com uma eclética equipe, da (ultra)maratona de revezamento Bertioga-Maresias.
Arrumei uma encrenca com meu técnico que achava que eu deveria me poupar, não fazer a prova e, em vez disso, participar do Troféu Brasil que será no próximo domingo. Bati o pé. Disse a ele que nem sempre entro nas competições visando resultado ou treino. Tem horas que é para me divertir. No final, ele acabou entendendo.
Gosto dessa prova porque as equipes têm, de fato, de trabalhar em equipe. Como o percurso é dividido em trechos de diferentes distancias e níveis de dificuldade, há que se negociar quem vai ficar com qual(ais) trecho(s). Fizemos a prova em seis pessoas e, como são nove trechos, algumas pessoas teriam de fazer mais de um. Depois, é preciso organizar a logística do apoio: os corredores precisam ser levados e apanhados nos postos de controle (onde o bastão é passado). A prova acontece ao longo do litoral norte, saindo da balsa, em Bertioga e chegando em Maresias, na praia. Não são voltas numa mesma rota, como no caso das tradicionais maratonas de revezamento como a do Pão de Açúcar, por exemplo. Para dificultar mais um pouquinho, um mesmo corredor não pode fazer dois trechos seguidos.
Então, por conta disso, é preciso reunir todos um tempo antes da prova, negociar e repartir os trechos para que cada um possa treinar de acordo com as características de seu percurso: plano, com subidas, piso de terra, asfalto, areia fofa, areia dura, poças de água, horário de sol quente, curto, longo etc. No nosso grupo, meu marido e eu que treinamos mais forte, demos prioridade de escolha às pessoas que nunca haviam feito a prova, as que estavam inseguras quanto à sua resistência. O Paéco, nosso vovô voador de mais de sessenta anos, foi valente e, como ja havia feito conosco a prova dois anos antes, escolheu um trecho de mais de 10 km, classificado como difícil. Os outros – Mariana, Paula e David, também foram corajosos. Pegaram etapas mais fáceis, mas duas cada um! Roger ficou com a penúltima, considerada bem difícil e eu com o “muito difícil” – que incluía a travessia da serra de Boiçucanga pra Maresias.
Fábio, marido da Mariana, ficou de organizar a logística do apoio. Mas ele não é corredor e nunca tinha participado de um evento destes. Ou seja, quando, na sexta-feira, já em Camburizinho, fomos dar uma passada na planilha, alguns furos apareceram. Quer dizer, havia chance de passarmos algum estresse, de um dos corredores não chegar a tempo no seu PC (posto de controle). Então fizemos uma troca e ficou redondinho!
O carro 1, que foi dirigido por mim até a hora da minha largada, levou os corredores que deveriam partir/chegar dos/nos PCs pares. O carro 2, dirigido pelo Fábio, levou os corredores dos PCs ímpares.
Foi perfeito! Ninguém atrasou. Ninguém se estressou:
Carro 1: Claudia, David, Paula e Paéco. Carro 2: Fábio, Mari e Roger.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Paula) deixa David na largada e dirige-se ao PC2. No caminho, tomamos um café sossegados, no novo Pão de Açucar. Chovia cântaros.
Carro 2 (com Fábio e Roi) leva Mari ao PC 1. Aguardam David, que chega feliz e sorridente. E molhado. Dirigem-se então ao PC3.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Paula) chega ao PC2. Paula, um pouco tensa, com temor dos trovões que soavam, parte para seu primeiro trecho. Mari chega feliz e sorridente. E molhada. Dirigem-se ao PC4.
Carro 2 (com Fábio, Roi e David) chega ao PC3. Paula chega feliz e sorridente. Nada tensa. Muito molhada. Falante. Davi parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC5.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Mari) chega ao PC4. Davi chega, mais feliz e mais sorridente. Mais molhado. Pergunta quando vai ser a próxima. Mari parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC6.
Carro 2 (com Fábio, Roi e Paula) chega ao PC5. Mari chega, mais feliz e mais sorridente. Paula parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC7. Chove chove chove.
Carro 1 (com Clau, Paéco e David) chega ao PC6. Paéco aguarda ansioso. Paula chega, mais feliz e mais sorridente. Paéco parte para seu primeiro e único trecho. Dirigem-se à Camburuzinho. Chuva chuva chuva.
Carro 2 (com Fábio, Roi e Mari) chega ao PC7. Paéco chega feliz e sorridente. Roi larga, feito um foguete. Carro 1, over. Dirigem-se à Camburizinho.
Minha largada era a última. E era na porta da casa onde estávamos. Então, fomos até lá, comi alguma coisa, descansei. Quase dormi. Então fui com o David esperar o Roger que iria me passar o bastão.
Larguei eram duas da tarde. Subidinha de Camburi-Boiçucanga, logo de cara. Engato a primeira, a segunda e vou. Chuva na caichola o tempo todo. Algumas ultrapassagens. Principalmente do pessoal que fez “solo”. Na descida, o santo ajuda, mas o joelho, não.
Passo Boiçucas e dá-lhe serra. Vou a dois por hora. Mas me recuso a andar. Troto. Sempre um dos pés está fora do chão. E vou. O apoio de uma equipe me passa um gatorade. Tomo um pouco e, mais adiante, ao ultrapassar uma corredora, entrego o gatorade a ela. Sigo concentrada. Muita gente andando.
David e Roi passam por mim de carro. Fotografam, mas entrou água na máqui, ficou uma droga.
Lá pelas tantas, vejo um corredor simplesmente entrar no seu carro de apoio e ir embora!!! As testemunhas vaiam e protestam. Não consigo ver o número da equipe. A cena se repete. Inacreditável. Que graça tem roubar numa brincadeira dessas? (Leia o texto do meu amigo marcos sobre o assunto, no blog da minha amiga Thelma).
Uff. Depois de 3,5km de subida forte e ininterrupta, hora de ir ladeira abaixo. Chão molhado, carros passando ao lado, solto o freio e vou o mais rápido que posso. O santo ajuda, o joelho, implora.
O melhor trecho é no finzinho da serra: um retão, com uma pequena inclinação. Vou com tudo. Curva em cotovelo à direita, poça poça poça, curva em cotovelo à esquerda – parede de um lado, parede do outro. Um cara daqueles grandes, tipo armário, teria dificuldades de passar por ali. No chão pooooooooooooooooooooooooooooooooooooooça até o fim, onde haviam três degraus. Então areia flof flof flof chhhhhhua fofa e molhada.
Vou pela beira. É mais firme. Mas também mais inclinada. E aí vem a onda e... banho scholoft chof chof. Subo. Fofa, irregular, depois de tantas pisadas. Dá medo de torcer o pé. Volto pra beira. Mais onda choft chof chof. Sinto a areia dentro do tênis. Não sei mais o que é meu pé.
É chato. Mas é rápido. E eu chego. Feliz e sorridente. E molhada. E cheeeeia de areia. Meu tempo, fraquinho. 1h04. Acima de 6 min o km. Mas tudo bem – não entrei no carro de ninguém.
Depois, só diversão. Na casa da Mari, em Camburizinho, churrasco, cerveja e bom papo. Todo de bom humor. Rimos, comentamos e tivemos aquelas conversas que só quem participa dessas maluquices, aguenta. O Fábio, que não corre, mas que acompanhou tudo, conseguiu sentir e entender um pouco mais a empolgação.
Mesmo depois que o assunto – a prova – se esgotou, continuamos, mesmo cansados, mas sob o delicioso efeito da endorfina, conversando e falando bobagem até meia-noite.
Mas todos da equipe, sem exceção, não deixaram de dizer que querem participar da prova ano que vem. Faça chuva ou faça sol.
Roi e eu, já com as medalhas Arrumei uma encrenca com meu técnico que achava que eu deveria me poupar, não fazer a prova e, em vez disso, participar do Troféu Brasil que será no próximo domingo. Bati o pé. Disse a ele que nem sempre entro nas competições visando resultado ou treino. Tem horas que é para me divertir. No final, ele acabou entendendo.
Gosto dessa prova porque as equipes têm, de fato, de trabalhar em equipe. Como o percurso é dividido em trechos de diferentes distancias e níveis de dificuldade, há que se negociar quem vai ficar com qual(ais) trecho(s). Fizemos a prova em seis pessoas e, como são nove trechos, algumas pessoas teriam de fazer mais de um. Depois, é preciso organizar a logística do apoio: os corredores precisam ser levados e apanhados nos postos de controle (onde o bastão é passado). A prova acontece ao longo do litoral norte, saindo da balsa, em Bertioga e chegando em Maresias, na praia. Não são voltas numa mesma rota, como no caso das tradicionais maratonas de revezamento como a do Pão de Açúcar, por exemplo. Para dificultar mais um pouquinho, um mesmo corredor não pode fazer dois trechos seguidos.
Então, por conta disso, é preciso reunir todos um tempo antes da prova, negociar e repartir os trechos para que cada um possa treinar de acordo com as características de seu percurso: plano, com subidas, piso de terra, asfalto, areia fofa, areia dura, poças de água, horário de sol quente, curto, longo etc. No nosso grupo, meu marido e eu que treinamos mais forte, demos prioridade de escolha às pessoas que nunca haviam feito a prova, as que estavam inseguras quanto à sua resistência. O Paéco, nosso vovô voador de mais de sessenta anos, foi valente e, como ja havia feito conosco a prova dois anos antes, escolheu um trecho de mais de 10 km, classificado como difícil. Os outros – Mariana, Paula e David, também foram corajosos. Pegaram etapas mais fáceis, mas duas cada um! Roger ficou com a penúltima, considerada bem difícil e eu com o “muito difícil” – que incluía a travessia da serra de Boiçucanga pra Maresias.
Fábio, marido da Mariana, ficou de organizar a logística do apoio. Mas ele não é corredor e nunca tinha participado de um evento destes. Ou seja, quando, na sexta-feira, já em Camburizinho, fomos dar uma passada na planilha, alguns furos apareceram. Quer dizer, havia chance de passarmos algum estresse, de um dos corredores não chegar a tempo no seu PC (posto de controle). Então fizemos uma troca e ficou redondinho!
O carro 1, que foi dirigido por mim até a hora da minha largada, levou os corredores que deveriam partir/chegar dos/nos PCs pares. O carro 2, dirigido pelo Fábio, levou os corredores dos PCs ímpares.
Foi perfeito! Ninguém atrasou. Ninguém se estressou:
Carro 1: Claudia, David, Paula e Paéco. Carro 2: Fábio, Mari e Roger.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Paula) deixa David na largada e dirige-se ao PC2. No caminho, tomamos um café sossegados, no novo Pão de Açucar. Chovia cântaros.
Carro 2 (com Fábio e Roi) leva Mari ao PC 1. Aguardam David, que chega feliz e sorridente. E molhado. Dirigem-se então ao PC3.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Paula) chega ao PC2. Paula, um pouco tensa, com temor dos trovões que soavam, parte para seu primeiro trecho. Mari chega feliz e sorridente. E molhada. Dirigem-se ao PC4.
Carro 2 (com Fábio, Roi e David) chega ao PC3. Paula chega feliz e sorridente. Nada tensa. Muito molhada. Falante. Davi parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC5.
Carro 1 (com Clau, Paéco e Mari) chega ao PC4. Davi chega, mais feliz e mais sorridente. Mais molhado. Pergunta quando vai ser a próxima. Mari parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC6.
Carro 2 (com Fábio, Roi e Paula) chega ao PC5. Mari chega, mais feliz e mais sorridente. Paula parte para seu derradeiro trecho. Dirigem-se ao PC7. Chove chove chove.
Carro 1 (com Clau, Paéco e David) chega ao PC6. Paéco aguarda ansioso. Paula chega, mais feliz e mais sorridente. Paéco parte para seu primeiro e único trecho. Dirigem-se à Camburuzinho. Chuva chuva chuva.
Carro 2 (com Fábio, Roi e Mari) chega ao PC7. Paéco chega feliz e sorridente. Roi larga, feito um foguete. Carro 1, over. Dirigem-se à Camburizinho.
Minha largada era a última. E era na porta da casa onde estávamos. Então, fomos até lá, comi alguma coisa, descansei. Quase dormi. Então fui com o David esperar o Roger que iria me passar o bastão.
Larguei eram duas da tarde. Subidinha de Camburi-Boiçucanga, logo de cara. Engato a primeira, a segunda e vou. Chuva na caichola o tempo todo. Algumas ultrapassagens. Principalmente do pessoal que fez “solo”. Na descida, o santo ajuda, mas o joelho, não.
Passo Boiçucas e dá-lhe serra. Vou a dois por hora. Mas me recuso a andar. Troto. Sempre um dos pés está fora do chão. E vou. O apoio de uma equipe me passa um gatorade. Tomo um pouco e, mais adiante, ao ultrapassar uma corredora, entrego o gatorade a ela. Sigo concentrada. Muita gente andando.
David e Roi passam por mim de carro. Fotografam, mas entrou água na máqui, ficou uma droga.
Lá pelas tantas, vejo um corredor simplesmente entrar no seu carro de apoio e ir embora!!! As testemunhas vaiam e protestam. Não consigo ver o número da equipe. A cena se repete. Inacreditável. Que graça tem roubar numa brincadeira dessas? (Leia o texto do meu amigo marcos sobre o assunto, no blog da minha amiga Thelma).
Uff. Depois de 3,5km de subida forte e ininterrupta, hora de ir ladeira abaixo. Chão molhado, carros passando ao lado, solto o freio e vou o mais rápido que posso. O santo ajuda, o joelho, implora.
O melhor trecho é no finzinho da serra: um retão, com uma pequena inclinação. Vou com tudo. Curva em cotovelo à direita, poça poça poça, curva em cotovelo à esquerda – parede de um lado, parede do outro. Um cara daqueles grandes, tipo armário, teria dificuldades de passar por ali. No chão pooooooooooooooooooooooooooooooooooooooça até o fim, onde haviam três degraus. Então areia flof flof flof chhhhhhua fofa e molhada.
Vou pela beira. É mais firme. Mas também mais inclinada. E aí vem a onda e... banho scholoft chof chof. Subo. Fofa, irregular, depois de tantas pisadas. Dá medo de torcer o pé. Volto pra beira. Mais onda choft chof chof. Sinto a areia dentro do tênis. Não sei mais o que é meu pé.
É chato. Mas é rápido. E eu chego. Feliz e sorridente. E molhada. E cheeeeia de areia. Meu tempo, fraquinho. 1h04. Acima de 6 min o km. Mas tudo bem – não entrei no carro de ninguém.
Depois, só diversão. Na casa da Mari, em Camburizinho, churrasco, cerveja e bom papo. Todo de bom humor. Rimos, comentamos e tivemos aquelas conversas que só quem participa dessas maluquices, aguenta. O Fábio, que não corre, mas que acompanhou tudo, conseguiu sentir e entender um pouco mais a empolgação.
Mesmo depois que o assunto – a prova – se esgotou, continuamos, mesmo cansados, mas sob o delicioso efeito da endorfina, conversando e falando bobagem até meia-noite.
Mas todos da equipe, sem exceção, não deixaram de dizer que querem participar da prova ano que vem. Faça chuva ou faça sol.
Quando leio seu relato entendo mais a sua dedicação aos treinos. Que delícia, Clau! Dá um orgulho danado, prima! Beijão e parabéns. Kika.
ResponderExcluirParabéns, Cláudia! Você fez bem de ter decidido pela diversão, achei a prova excelente. Para mim, se não fosse a chuva constante, acho que tinha quebrado no meio. A minha epopéia foi um pouco mais longa, não só por fazer a prova solo, em mais de 8h40min, mas por ter ido e voltado direto de Sampa. Pra ir pra Bertioga, acordei à uma e meia da manhã de sábado, peguei meu amigo e apoio biker em São Caetano, e às 5 e meia éramos os primeiros a chegar na largada. E no final fomos os últimos a sair de Maresias. Como deixamos o carro em Bertioga, só conseguimos voltar depois de conseguir uma carona com um carro da organização da prova às 6 da tarde, depois que toda a estrutura do evento tinha sido devidamente desmontada. Consegui chegar em casa só lá pelas 10 da noite, comi uma pizza com a minha mulher e acordamos no domingo às 7 (no horário de verão, pra piorar!) e ir pra Interlagos assistir a F1! Hoje ainda tô um pouco cansado, mas bem feliz pela corrida!
ResponderExcluirTb estive lá ... foi punk demais !!! Nunca havia feito uma prova desse tipo e porte ... SENSACIONAL !!!
ResponderExcluirParabéns !!!!
http://porqueeucorro.blogspot.com/
Cláudia ... e sobre esses "corredores" que pegaram uma carona, são do tipo que estão acostumados apenas suar a camiseta e terem a equipe de staffs de 2 em 2km, verdadeiros covardes... mas na cabeça de um cara desses deve rolar algo do tipo " ele perdeu para ele mesmo" já saiu derrotado de casa!
ResponderExcluirMas que correu e enfiou o pé na lama e atravessou riachos e enfrentou a chuva e os raios e ao final pegou a medalha esses são os verdadeiros CORREDORES e CORREDORAS !
Parabéns pelo Blog !!!
ADOREI A FOTO DO CASAL!! BEIJOS!
ResponderExcluirUma prova para guerreiros, não para covardes. Parabens pelo desafio vencido e o belo trabalho em equipe. Um abraço ao casal vencedor. Eduardo
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