terça-feira, 13 de outubro de 2009

Clearwater 2008 – venturas e desventuras – parte 4 (parte 1, 2 e 3 estão logo ali)

Nunca imaginei que a Florida pudesse ser tão interessante. Quando pensava em Florida só me vinha Mickey Mouse, velhas aposentadas e compras. Nada muito atraente. Ainda bem que me enganei.

Do aeroporto de Tampa, fui com o Diogo (colega de treino) e sua noiva que, gentilmente, me deram uma carona, com mala bike e tudo. Eles pegaram um carrão, com uma GPS que falava português com sotaque de Portugal. A moça realmente não era lá muito esperta. Logo de cara, na saída do aeroporto, nos mandava fazer uma caminho que resultava em círculos. Obviamente, sem saída.
Ainda bem que por trás da direção havia um cérebro que se rebelou contra a máquina e, entendendo a direção que tínhamos de ir, recalculou a rota, deixando a nossa bússola um pouco atordoada. Depois ela se comportou bem. Também... até eu. Era praticamente uma reta só.
Chegamos à cidade de Clearwater Beach, já madrugada. A primeira impressão foi ótima. Uma cidade simpática e arrumada, mas sem excesso de maquiagem. Um batonzinho e lápis no olho – era o que ela usaria, se fosse uma moça.
No hotel, grande notícia: minhas rodas Zipp estavam lá, bonitinhas, me aguardando. Cai na cama e apaguei.
Na manhã seguinte, da janela do quarto, vi o oceano, imenso e azul. Atlântico, meu velho conhecido. Mas aquela areia, não. Essa, era novidade. Branca de doer os olhos.
Tomei um café da manhã deplorável no próprio hotel e fui fazer um reconhecimento do local. Iria aproveitar para fazer meu check-in e pegar o kit.
Do meu hotel até o centro dos acontecimentos a distância era cerca de 1,5 km talvez um pouco menos. Mas era uma caminhada à beira-mar, num calçadão, cheio de canteiros.
Nessa caminhada me deixei invadir por uma imensa felicidade. Eu sabia que estava vivendo um momento ímpar. Era muito mais do que uma competição. Então deixei meus sentidos o mais aguçados que eu conseguia: deixei a intensidade das cores entrar pelos meus olhos – era um céu azul de outono, iluminado por um sol já oblíquo, que não castigava, mas aquecia, um mar esverdeado e sereno, um asfalto preto e liso (colírio para os olhos de quem pedala na USP). Parecia que tinha tomado um ácido.
No check-in fui recebida por um senhor britânico, cujo filho iria participar da prova. Ele estava lá como voluntário. Só faltou me pegar no colo. Explicou tudo, perguntou o suficiente para eu sentir que se interessava por mim e depois me passou para as mãos dos outros que me trataram igualmente bem. E eles não recebem um tostão por isso.
N parte da tarde fui levar minha bike para montar. Segui a dica do Duda, atleta da MPR que havia feito a prova no ano anterior, que me falou de uma loja chamada Chainwheels.
Era do outro lado da ponte. Mas como eu queria conhecer um pouco do lugar, achei ótimo.
Enquanto a bike estava na oficina, aproveitei para dar uma corridinha. Sai pelo bairro adentro. Era um bairro residencial, com um campo de golfe bem no meio. As ruas não tinham quase movimento. As casas, de classe média, sem cerca ou muro que as separasse, pareciam habitadas, pois havia carros à sua frente, janelas aberta, às vezes alguns objetos do lado de fora. Mas vi pouquíssimas pessoas. Pouquíssimos carros circulando.
Corri durante uma hora, num ritmo bem tranqüilo. Poderia ter feito mais duas horas, só explorando o ambiente.
Voltei para loja e, quem encontro? A Nilma!!! Ela e o Neto, por acaso, estavam lá, do outro lado da cidade. Foi uma festa. Ainda por cima me deram carona até o hotel. Nossos hotéis eram menos de 100 mts de distância!
À noite havia um jantar de confraternização. À beira-mar. Desinformada, achei que era nas proximidades da área de transição, da feirinha, no epicentro de Clearwater. Ledo engano. Era do outro lado. No Sand Key Park. Estava indo a pé quando cruzei com uma família simpática e perguntei se caminhava na direção certa. Eles não só me informaram que eu estava redondamente enganada como me ofereceram carona. Era um casal de americanos com seu jovem filho que iria competir.
Fomos conversando, mas, quando chegamos lá, achei melhor deixá-los.
Estava friozinho. Ventava. A comida não era grande coisa. Os pratos e talheres eram de plástico mas eu estava achando tudo uma delícia. Na hora em que entraram os meninos carregando as bandeiras dos países participantes e eu vi a bandeira do Brasil... adivinha? Caí no choro.
Fiquei um pouco ali, um pouco acolá. Conheci o Vilela (Velho Ligeiro) e sua animada turma de Santos, encontrei um e outros. Porém, estava curtindo sozinha.
No dia seguinte, fui para o treino de natação, organizado pela prova, experimentar o mar. Pelo caminho, as varandas dos hotéis exibiam bandeiras de vários países e wetsuits pendurados, como sombras inanimadas, nas calçadas gente forte e magra, correndo, nas ruas, desfiles de bikes. Mundo do triátlon. Era onde eu estava. Clearwater Beach é uma cidade do veraneio. Portanto, é um período em que está vazia. Nós, triatletas, invadimos a praia, vindos de todas as partes do mundo. Fincamos nossas bandeiras. Instituímos nosso modo de ser. (Continua)

Um comentário:

  1. Cláudia !!! Perfeita sua descrição de Clearwater! cheguei a "enxergar" o local agora!...parecia que eu estava vivenciando tudo novamente !!!
    Foi uma experiencia tão incrível, que preciso voltar! faltam poucos dias...
    e vc vai fazer muita falta por lá!


    Oba !!! fui citada mais uma vez em seu blog !!! To ficando famosa!

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