quarta-feira, 3 de março de 2010

Trizophrenia: Inside the Minds of a Triathlete


Estava fuçando na Amazon.com atrás de livros interessantes sobre triathlon quando me deparei com o título acima. Inicialmente eu pensava em comprar algo mais técnico, com dicas sobre treinamento, um manual... algo do gênero. Mas, confesso que não consigo me empolgar, ainda mais depois de ler o Becoming na Ironman e o Ultramarathon man. A vontade era continuar imersa em relatos pessoais. Xereta daqui, lê uma resenha dali ... a capa me chamou a atenção, dei uma olhadinha nas primeiras páginas e decidi comprar. Fiz um grande negócio.

O livro, que foi lançado no final do ano passado, é divertidíssimo. O autor, Jeff Mallet, é um bem-humorado cartunista triatleta que decide fazer uma análise do triathlon e de seus adeptos. É, ao mesmo tempo, cômico e informativo. Muitas das passagens você lê e pensa “é exatamente assim que eu me sinto!” Ele consegue descrever pensamentos, sensações e neuroses (ou melhor, a esquizofrenia de nossa vida tripla) com precisão e muito, mas muito bom humor.

Vou traduzir (livremente) um pequeno trecho, só pra vocês terem uma idéia. É logo do começo, de um dos capítulos iniciais, que aborda a transição da bike pra corrida.

...Sem mais nem menos a solução para o problema do Oriente Médio surge na sua mente, mas você deixa isso pra depois porque agora precisa negociar com um monte de cones amarelos e com um bando de staffs que estão acenando pra você e indicando que você deve ir por aqui e com mais cones e mais voluntários e finalmente com a faixa pintada no chão e os grandes cones laranjas e os staffs mais frenéticos de todos, acenando e gritando pra você parar, parar bem aqui, desmontar antes da faixa e empurrar sua bike e, pelo-amor-de-Deus , ninguém espera que você vá lembrar onde estão as suas coisas e como elas estavam organizadas, não que isso importe, porque a essas alturas elas já foram espalhadas por outros competidores que cozinharam na bike e que estão mais atordoados do que você. No meio desta confusão, ninguém vai lhe culpar se você tentar sair correndo com seu capacete na cabeça.


Neste instante a coisa mais antinatural do que correr com o capacete é a simples mecânica da corrida. Parece que você está operando as suas pernas por controle remoto. Não, nem mesmo isso. Parece que você está usando as pernas de outra pessoa. Alguém que, acontece de não ser muito um corredor.


E não é só você. Todo mundo está correndo com as pernas de outras pessoas. Geralmente, as do Groucho Marx. Nunca as de um queniano, por alguma motivo. Tudo o que você sabe é que, quem quer que tenha pegado as suas pernas, você as quer de volta.

Jeff Mallet tem um blog – aqui mesmo no blogspot e escreve com certa freqüência. Recomendo o livro para quem lê em inglês. Ele brinca com as palavras, faz trocadilhos e constrói o discurso com certa sofisticação - eu que leio razoavelmente bem tive um pouco de dificuldade em alguns trechos e fiquei com a sensação de que não entendi toda a piada . Mesmo assim, vale. Fiquei morrendo de vontade de traduzir o livro. Mas não tenho tempo, não é minha especialidade e, infelizmente, aqui no Brasil as editoras não têm interesse porque o público é muito restrito. De qualquer forma, fica a dica.

4 comentários:

  1. Pernas de outras pessoas...rsrsr é verdade foi isso que senti a primeira vez que, apenas, fui andar um pouco, depois de quase duas horas em cima da bike...
    Que pena não ter uma versão traduzida. Olha que o público é restrito, mas compra !
    Bons Treinos

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  2. É todo mundo assim ? Quando sobra um tempo vamos lá fuçar a amazon buscando relatos e textos de maníacos que corroborem a nossa obssessão ;-) ?!

    Adicionei na lista de compra !!

    Abraço,

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  3. Hoje não sei que me deu, Vi uma luz ao longe e fiquei bonzinho, por isso passei por aqui para desejar um Bom fim de semana... correr muito também nós deixa com pouco juízo..

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  4. Parabéns pelo dia 8 de março, futura IronWoman.

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