quarta-feira, 2 de junho de 2010

Iron 2010, diário de uma insanidade ou 11 horas 35 minutos e 17 segundos que levaram quase um ano pra acontecer

Parte 1


Crise

Quase enlouqueci às vésperas da viagem pra Florianópolis. A Mariana, nutricionista, propôs que eu fizesse a dieta da supercompensação e eu topei. Já tinha feito meia boca antes dos meios Irons. Meio Iron, meia boca. Inteiro Iron, fechei a boca total pro carbo durante três intermináveis dias: 2ª, 3ª e 4ª. Na terça, comecei a avariar. De repente, me deu uma insegurança total. Comecei a questionar todas as decisões que já havia tomado. Ia até postar a minha crise, mas achei melhor não, pra não agravá-la. Mas vejam só grau da insanidade:

- Nado com a roupa com a qual vou pedalar ou visto uma seca?

- Manguitos ou cortavento?

- Bananinha com ou sem açúcar?

- Gu ou Accel? Ou Gu e Accel? Quantos de cada?

- Corro com cinto de hidratação ou não?

- Advil ou Dorflex?

- O pneu sobressalente está mesmo seguro?

- Não é loucura ir com uma roda clincher e uma tubular?

- Tênis com ou sem a palmilha?

- Ai ai ai vai chover! E aí? Que roupa eu uso? Minha família vai ter onde se abrigar?

Foi uma aflição e tanto. A Gra recebeu esta listinha de perguntas e foi conversando comigo sobre cada uma delas, sem perder a esportiva.

Ao final, me acalmei e decidi que alguma das decisões só iria tomar depois voltar a ingerir carboidratos. Sábia decisão.

Terça à tarde a Thelma passou pra fazer a vistoria, me acalmar mais um pouco e à noite as malas estava prontas. Excesso de peso, é claro. Bom, pensei, se alguém encasquetar com isso no checkin vou alegar que peso 20kg a menos que a média dos passageiros, portanto teria direito a levar a diferença em bagagem!

Para não abrir e fechar as malas e a mochila 20 vezes afim de me certificar se determinado objeto estava mesmo ali, fiz três listas:
- Lista mala preta
- Lista mala Brasil
- Lista mochila
Cada coisinha que colocava dentro de uma delas, escrevia na lista. Foi a melhor coisa que fiz.
Levei comigo – por recomendação da Thelma - tudo que seria essencial para fazer a prova: sapatilhas, capacete, roupa de borracha, tênis, meias, cinto de hidratação, pneus sobressalentes, roupa da prova e suplementação. Quase comprei uma passagem pra bike ir sentada ao meu lado.

A viagem

Sai 4ª de manhã. Roi me levou ao aeroporto e não tive nenhum problema com excesso. Já na fila, encontrei o Diglu, que me deu a letra, ou melhor, o número, da fileira do assento: 12.

Fomos lado a lado conversando sem parar. Ele foi um dos primeiros a falar, categórico: você está bem treinada. Vai fazer uma bela prova. Aproveite, curta.

Cheguei à pousada e logo arrumei encrenca. O gerente me colocou no pior apartamento. Segundo andar, sem janela e sem armário. Já rodei a baiana e consegui um cantinho pouco melhor. Aliás, aí vai a “contra dica” NUNCA se hospedem no Pousada (ou Solar) das Alamandas, nem no Solar Casablanca. Roubada. A menos que mude o dono e o gerente. Já viu pousada sem café da manhã e com limpeza dos apartamentos a cada três dias?

Enfim...depois de alguma confusão, consegui que minha enoooorme suíte fosse arrumada diariamente. O que quase aconteceu.

Madonna

Passado este pequeno estresse – lembrem-se que eu estava à base de proteínas – meu único compromisso era um trotinho de 8k. E lá fui eu.

Apesar da fraqueza pela falta de carbo, estava muito animada de estar ali, em Ironland. Ipod no ouvido, óculos escuros e boné, fui passeando pelas ruas de Jurerê Internacional, feliz da vida.

Comecei a prestar atenção nas letras das canções que estava ouvindo e decidi que ao chegar perto da área de chegada do Iron tocaria uma música especial: Give it 2 me, da Madonna. O refrão traduzia o que eu sentia naquele momento:

Give to me, yeah

No one’s gonna show me how!

Give it to me, yeah

No one’s gonna stop me, now!



Passei pela rua da chegada aos berros e quase trombei com um cidadão que deu risada da minha situação. Seguia adiante, pela rua que dá na praia do forte e, antes da subida, vejo que um carro passa por mim e nele o cara com quem eu quase trombei. Eles param bem antes da subida, onde pretendo fazer o retorno. Então eles descem do carro e me abordam. Tiro os fones pra escutar o que ele tem pra dizer e vejo que ele está com um microfone com a logo da Globo.

“Oi, tudo bem? Podemos te interromper um pouquinho?” Eu olho pro meu garmin. Faltam apenas 500 mts pra terminar meus 8k. “Ok”, respondo. “Você veio fazer o Iron? De onde você é?” “Vim, sou de SP.” “Você está treinando agora?” “Só um treininho leve, pra relaxar!” Aí, ele meio sem jeito “Será que a gente poderia colocar um microfone sem fio em você e aí você faz exatamente o que estava fazendo, correndo e cantando?” Achei a maior graça. “Ok!”. Depois me entrevistaram e eu, desligada, nem perguntei quando e onde iria ser veiculado. O resultado foi este. E dois dias depois algumas pessoas viram na TV local e, depois, no SPORTV!!!!

5 comentários:

  1. sportv ? como assim? na melhor parte vc pára !!??! tá parecendo o lost ou a novela das oito.
    hahahha

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  2. Muito bom! Muito, muito bom! Memorável! Isso que é energia e presença de espírito! Sua e da equipe Globo!
    E que essa música lhe embalou, não tenho dúvida e, por isso, um pouco de papo, coisa de curioso, que quem quer olhar por cima de quem eu admiro, vamos lá:
    Seria por aqui não fossem as indiscrições a a auto-censura. Posso saber seu e-mail?! O meu, marcosapenedoamaral@gmail.com
    Muitíssimo obrigado, ansioso pelo seu contato, MAA

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  3. Nossa que SHOW, ficou muito legal a reportagem, mas você como cantora é uma ótima triathleta, hehehehehe.
    Brincadeira, ficou muito bom!
    Muito obrigado por citar meu nome nos agradecimentos, fiquei muito feliz!
    Mais uma vez parabéns pela sua prova sensacional!!!!
    E agora, já descobriu como é a vida após o Iron???
    Grande abraço!!!

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  4. O video ficou show, tu foi a protagonista da reportagem :D.

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  5. Gostei dessa história de entrevista. Teve que assinar termo de compromisso de liberação de imagem depois? rs

    E o assédio depois? kkkkk

    Pelo visto esse negócio de insegurança bate forte mesmo né? Agora pagar uma passagem pra bike é "inpagável". Eu fico imaginando a cara dos passageiros olhando pra uma cena como essa. Podia ser pior, né? Uma prancha de windsurf por exemplo! rs

    Agora, ler a parte 2.

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