quinta-feira, 3 de junho de 2010

Iron 2010, diário de uma insanidade ou 11 horas 35 minutos e 17 segundos que levaram quase um ano pra acontecer

Parte 2 (parte 1, lá embaixo)

Treino de natação


Dormi mal, claro. Estava morrrrta de fome e não agüentava mais comer peito de peru com queijo cottage e nem bifinho magro com saladinha sem graça. O melhor a fazer era chegar logo no dia seguinte pra poder me empanturrar de carbo. Mas quem consegue dormir com fome? Fora isso, tinha um pernilongo no quarto que decidiu cochichar em meu ouvido. Tentei ignorar, mas não foi possível. Então, lá pelas tantas da noite, acendi a luz e fui à caça do maldito. Assassinei-o a sangue quente e depois que este esfriou, voltei a dormir.

Adorei quando raiou o dia. Voei pra cima de uma banana maçã que tinha comprado na véspera. Foi a mais saborosa que comi na vida. Daí mandei 4 bisnaguinhas com geléia – manjar dos deuses. E um iogurte desnatado – bah! Ainda tinha direito a um pãozinho francês com (bah!) queijo branco e (baaaaaaah!) peito de peru e um cafezinho. Claro que as Alamandas não tinha café da manhã. Então fui a pé, já com todo o equipamento para o treino no mar.

O dia estava esplendoroso. O mar, aparentemente, uma piscina.

Encontrei um pessoal da Sumaré Sports que se dispôs a cuidar das minhas coisas enquanto eu nadasse. Diferentemente de Clearwater, o treino ali não tem muita estrutura além das bóias. Em CW há um guarda volumes, chuveirinho e até água e gatorade para os atletas.

Foi “dada a largada” e saímos todos mais ou menos juntos pra nadar. Não sei se sou eu que tendo pra esquerda ou se havia correnteza. O fato é que toda vez que levantava a cabeça pra achar a bóia, ela estava à minha direita! Fiz a perna bem de leve e saí pra tomar um solzinho.

Delícia! Dali a pouco Nilma chegou e ela, Neto e eu ficamos lá batendo um papinho relax enquanto os saradões iam e vinham. Até que passou um nada sarado. Aliás, bem gordinho. Aí fiquei sabendo que ele estava fazendo parte de uma aposta: caso terminasse o Iron, ganharia 40 mil reais de 4 amigos (amigos???). Se não terminasse, daria 2 mil para cada um.

A caminho do restaurante onde iria almoçar encontrei, ao lado de uma lombada, um pneu tubular novinho, dobrado e caído no chão. Olhei pra um lado, olhei pro outro, nem um ciclista à vista. Não tendo a quem devolver, coloquei dentro da mochila e levei.

Terminando o almoço encontrei o Pedro, conhecido de treinos e provas, fizemos a maior festa e combinamos de encontrar mais tarde.


Treino de pedal

Peguei o kit e fui esticar as pernas até a hora de dar uma girada. Que luxo! Assistir a Roland Garros em plena 5ª feira útil.

Saímos então, Nilma e eu pra dar um role de bike. Só de estar lá, em cima da magrela, já fiquei emocionada. Ali na estradinha, saindo de Jurerê, não me contive: “U-huuuuuu! Eu tou em Jurerê! Eu vou fazer o IIIIIIIIIIIIIrooooooooooooon!”gritei pro vento.

À noite, jantei com o Pedro, que me contou toda a história de como chegou ao triathlon e ao Iron. Adoro ouvir esses relatos. Cada pessoa tem uma motivação, um passado, um sonho. Todos diferentes, todos com pontos idênticos.

Dormi melhor, mas combinei comigo mesma que não iria preguiçar muito na cama, não. O tempo amanheceu fechado e, a cada hora, a previsão era mais catastrófica: “frente fria com ciclone tropical, temporais e ventos de 25 a 30km/h” foi uma das mais lights que ouvi aquele dia.


Plano B

Depois do café, fui ao congresso técnico. Durante a apresentação, o diretor da prova, Galvão, aventou a possibilidade de ter de executar o Plano B – ou seja, caso os bombeiros avaliassem que o mar estava muito perigoso a natação seria substituída por 10k de corrida.

Imediatamente começou um zumzum na platéia. Já pensou? Não ter a natação? Apesar de ser melhor corredora do que nadadora, ficaria frustrada se não pudesse completar um verdadeiro Iron.

Em seguida, fui à feirinha onde encontrei Nilma experimentando capacetes e o Neto, com sua paciência de Jó, ao lado, estranhando que ela NÃO iria comprar um rosa, como de costume. Nilma é a Penélope Charmosa em pessoa. Vive de rosa, tem um humor rosa, mas não brinca em serviço. Uma monstra no pedal.



Golfinhos

Neto foi pedalar e nós duas pegamos uma carona até o Taikô para o almoço. Julinha tinha acabado de chegar com seu tio e foi nos encontrar lá. Pedro também foi. E os golfinhos também!

Pra quem não conhece, o Taikô é um restaurante charmosíssimo, pé na areia, que geralmente não fica aberto para almoço mas, por ocasião da prova, estava. Mas aparentemente, ninguém sabia. Ele foi só nosso.

Sentados de frente pro mar podíamos ver que estava bem diferente do dia anterior. Mexido e cinza. Uns malucos nadavam de roupa de borracha e, de repente, pareceu que os malucos tinham ficado mais malucos, porque nadavam com uma braçada em cada direção! Aí é que vimos que não eram malucos. Eram golfinhos. Enormes! Fizeram um show para nós e ninguém tinha uma câmera decente pra fotografar.

No almoço, o pobre tio da Julinha teve de agüentar nossa conversa monotemática. Em compensação, ele se vingou comendo lulas e camarões empanados e tomando uma loirinha daquelas.


Chegada da família


Ficamos fazendo hora até que minha turma chegou: pai, mãe, sogro, sogra, marido e os quatro filhos. Foi aquela invasão na calma do restaurante.

Felizmente, Juju tinha as figurinhas do álbum da Copa pra trocar com eles, que ficarão concentrados no “tenho, não tenho”.

Não demorou muito, abandonei a turma pra ir dar uma corridinha. Como a pousada era meio longe peguei carona numa pick up de “hermanos”. Por sinal, como tinha hermanos...

Voltei à pousada para me trocar e também para comer um caminhão de suspiros e um vagonete de bisnaguinhas, conforme as ordens da Mari.


O último treino

Às 16h30 saímos numa galerinha para um trotinho leve. Meu derradeiro treino antes da prova. O astral não poderia ser melhor. Cheia de açúcar no sangue, transbordava de doçura e energia. 
Julinha, como sempre, foi puxando a turma: o casal André e Simone, de Jau, Nilma, Pedro e Artur, um leitor deste blog! Foi muito divertido descobrir, no meio da corrida, que ele era um dos meus seguidores. Não parecia um treino, parecia uma festa, de tão animada que foi a conversa. Nunca vou esquecer este treino!

Quando terminamos e estávamos na porta do Campanário conversando sobre a previsão de chuva e vento na prova, André me disse: “Esta é a prova mais importante da sua vida, principalmente porque toda a sua família está aqui. Tome muito cuidado nas curvas pra tomar um chão. Já pensou você, em vez de chegar ao fim, na corrida, aparecer no meio da prova toda ralada?” Foi algo que ouvi com atenção e levei a sério. Não iria deixar isso acontecer.

5 comentários:

  1. Esse último treino teve tom de última ceia: Espero que a profecia não tenha se concretizado!

    Nenhuma foto de golfinho? Nem de celular meia boca, estilo foto do lago Ness???

    Ficou devendo! (vai ter que voltar ano que vem pra tirar essa foto!)

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  2. Clau!!! Que texto incrível amiga!! Nossa você narra de uma maneira super divertida e instigante os detalhes dessa aventura pessoal!!!
    Parabéns! Parabéns pela prova! Parabéns por tudo!!!
    Ahhh... o André é sócio do meu pai!!! kkkk... ele é demais! A Simone é médica anestesista, linda e show de pessoa! Casal 1000!!!
    Um grande beijo e que venha IM 2011!!!

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  3. Claudia, incrível! Estou esperando anciosamente o Iron 2010, diário de uma insanidade ou 11 horas 35 minutos e 17 segundos que levaram quase um ano pra acontecer. Parte 3....A Saga!

    Beijo

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  4. Também não esquecerei esse treino foi maravilhoso,que astral e eu que já tinha corrido 40min,fui p/ mais 30 na maior felicidade.Adoro seus textos não canso de ler.Beijão Claudia.

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  5. Esse album de figurinhas é uma palhaçada, tem um monte de jogadores que não vão pra copa :O, mas como o negócio é comercial... e a criançada gosta, esta valendo hehe.
    Gostava da época que tinha figurinhas de jogadores nos chicletes de ping-pong :P

    abração

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