sábado, 19 de setembro de 2009

Clearwater 2008 – Venturas e desventuras – parte 1

Como já escrevi anteriormente, fiquei muito feliz ao conseguir a vaga para o Mundial de 70.3, ano passado, em Penha. Na véspera da prova, quando Emerson, meu técnico, aventava a possibilidade de eu pegar a vaga, fez uma pergunta que me deixou um pouco tensa: “Você tem visto pros EUA?” Óbvio que eu não tinha. E o pior, meu passaporte estava para vencer e os americanos não colocam visto em passaportes com menos de 6 meses de validade. Bom, pensei eu, primeiro vamos nos preocupar em fazer a prova. Segundo, em conseguir a vaga e, por último, em ir atrás de passaporte e visto.
Fiz a prova. Consegui a vaga. Portanto, teria de ir atrás de passaporte e visto.
O passaporte foi tranqüilo. Mas o visto... Pelo site do consulado americano, eu só conseguiria marcar entrevista em MARÇO! E a prova era em novembro, certo? Portanto, pelas vias normais, nada feito. Tentei na modalidade “casos excepcionais”. Nem sequer me responderam! Apelei até pra gentes bem relacionadas, pra ver se conseguia um lugar nessa fila, ANTES de novembro... Estava difícil. Até que a Nilma minha querida amiga, me passou o nome de um despachante salvador. É incrível e lastimável. Mas essas coisas ainda são assim. Você paga alguém que sabe um macete pra conseguir encaixar você na hora que alguém desiste da entrevista!
Passaporte pronto, inscrição confirmada, entrevista marcada, aquele monte de documentos agrupados (comprovante de endereço, comprovante da inscrição, holerite, extrato bancário, certidão de casamento, declaração de que você não é terrorista etc). Lá fui pro consulado, numa manhã fria e chuvosa de outubro, aguardar a minha vez de conseguir a HONRA de pisar em solo norte-americano.
Obviamente solicitei visto de turista. Minha viagem era puro lazer. Nunca me ocorreu que participar de uma competição como amadora, pudesse ser considerado business.
Depois de algumas horas de espera. Chegou a minha vez de ser tratada como suspeita. A lady no outro lado da intimidadora janela de vidro me pergunta, em inglês, o que estou indo fazer lá. Respondo que é uma prova de meio-iron. Ela pede que eu explique o que é isso.
Depois da minha breve explanação, me passa um papel e diz “você precisa pagar a taxa para visto de negócios, depois volte aqui”.
Ao que eu respondo “Negócios?! Mas eu não estou indo a negócios!
E ela “you are doing all that JUST FOR FUN?! You’re not earning any money?!” (tradução: "você está fazendo tudo isso só por diversão?! Não vai ganhar nenhum dinheiro?!”).
"Não", respondi. "E ainda tive de pagar por isso!"
Ela não se conformava. Continuou, bem desconfiada “Mas e se você ganhar, ficar em primeiro lugar? Não ganha nada?
E eu “não, não ganho nada. Sou amadora. Apenas os profissionais ganham”.
Ela deu de ombros, carimbou e, só pra me deixar com a pulga atrás da orelha, arrematou “Tudo bem, você pode ir como turista, mas talvez, lá, na entrada, você tenha problemas”.
Filha da mãe. Aquilo me deixou cabreira até a entrada no pais. E teve conseqüências quase desastrosas. (continua)

Um comentário:

  1. Que estranho...eu fui renovar meu visto para uma eventual classificação para o Iron do Hawaii. Como eu já tinha o visto B1/B2 (negócios) pedi a renovação dele. Pra mim foi o contrário da sua história : o cara achava que não era necessário eu gastar (mais) dinheiro com esse visto já que eu era amadora...bom, aguardo o próximo capítulo...

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