Minhas expectativas eram altas o que é sempre perigoso, pois aumenta a chance de frustração. Isso não aconteceu. O Desafio 24 horas com Dean Karnazes já está entre os Top Hits da minha vida. Não só da vida de esportista, mas da vida.
Vamos fatos.
Acordei antes de o despertador tocar, pois o dia já raiava. Como estou acostumada a acordar antes de clarear, é só o sol botar a cara pra fora e acordo achando que estou atrasada.
Chamei o Martim (filho nº2, 9 anos), que iria acompanhar a jornada desde o começo. Tomamos um lanche rápido. E o Vagner chegou. Abro parênteses para falar do Vagner.
Mais do que meu piloto, o Vagner se tornou um amigo e um dos meus anjos da guarda (tenho mais dois, ou melhor, duas). Durante a semana ele me atende como motorista na empresa em que trabalho e, de vez em quando, faz uns bicos nos fins-de-semana. Dessa vez ele se ofereceu para fazer um apoio particular e, principalmente, fotografar o Desafio. (Esta bela foto foi ele que tirou). E ele foi fundamental para que tudo corresse do jeito que correu.
Fomos para Paulista, no ponto de encontro. Vagner e eu pedimos a para ver o percurso exato no mapa, para que meu apoio particular pudesse seguir ou encontrar o comboio. Vi que passaríamos pela Avenida Corifeu de Azevedo Marques e não me contive: “Por que vocês vão fazer isso com ele? Que sacanagem! Um lugar feio, sujo e poluído!”. O rapaz que estava com o mapa deu de ombros.
Dean estava em algum canto descansando um pouquinho antes da próxima largada. O pessoal da organização emprestou o megafone para o Martim dar um “bom dia”. Ele aproveitou e emendou um “Good morning, Dean!”
Logo Karno apareceu, demonstrando um pouco de cansaço, mas esbanjando simpatia. Autografou minha regata e a de outros tantos e posou para várias fotos sempre, sempre sorrindo.
Saímos Paulista afora (uma pena, deveríamos ter ido um pouco mais!), descemos Pamplona, pegamos a Nove de Julho e fomos embora. Logo consegui me posicionar ao lado dele. E fui direto ao assunto. Disse que estava muito feliz de poder correr ao seu lado, que tinha lido o livro e adorado e contado para todo mundo sobre ele e que mal pude acreditar quando soube que ele vinha pro Brasil. Ele agradeceu com um sorriso sincero, quase tímido.
Fiz algumas perguntas pra ele sobre a ida ao Rio de Janeiro (ele vai surfar por lá), comentei um pouco sobre o percurso que iríamos fazer (aproveitei pra avisar que passaríamos por uma região muito feia). Conversinhas amenas, como a brisinha que soprava na Nove de Julho.
Depois, recuei um pouquinho, pra dar chance de outras pessoas ficarem com ele.
Conheci muita gente legal durante o percurso e nas paradas.
Eduardo, triatleta e blogueiro do tr3s meios, com quem conversei um bom trecho sobre a vida de esportista amador; o Marcelo, cinegrafista e editor, que havia conhecido em Penha e com quem tive uma liga imediata; Harry, blogueiro do site webrun e escreveu um post muito legal sobre a gente; Lenícia, nutricionista, que disse que iria rasgar o diploma depois de ver como o Dean se alimentava; Natale, que estava no apoio, é capitão da polícia e professor de educação física e me contou sua vida enquanto o Dean fazia xixi num posto; Rodrigo, também triatleta; João, ultramaratonista, que foi pacer de um amigo em Badwater este ano; Antônio, jornalista da Runners, para quem eu prometi que iria escrever meus comentários sobre a publicação e enviar ao chefe de redação; o Pinguim que sprintava na frente do Dean, para fotografá-lo e treina subida lá na Vila Formosa; Karin, barriga-verde que vai correr Berlin junto com o marido; Cecília que ia correr no Ibirapuera com o marido, mas encontrou a trupe no meio do caminho e acabou aderindo. Todo mundo estava no mesmo pace, na mesma, e gostosa, vibração.
Pegamos a Faria Lima inteira, seguimos pela Pedroso, passamos a Panamericana e entramos no Parque Villa Lobos. Enquanto isso, Vagner foi com o Martim até em casa, buscar os dois pequenos e mais duas acompanhantes.
Quando saímos do Parque, a minha turma estava toda lá tomando sorvete. Foi perfeito. Porque demos uma paradinha para hidratar e alimentar. Aproveitei para oferecer as minhas bananinhas para todo mundo. Sucesso! Todo mundo comeu. Pena que o Dean não quis.
Martim quis correr um pouquinho. Fez uns 4 ou 5 kms! No maior pique. Correu ao meu lado, ao lado do Dean, sempre com uma sorrisão na cara. Quando chegamos na Corifeu, o sol rachando e aquela paisagem deprimente, Martim quis parar. E o Dean também! Ele não gostou nada daquilo. Ainda por cima, teve subida.
Claudia! Que experiencia única !!! eu posso imaginar sua emoção em correr ao lado dele! só de ler os seus relatos já virei fã ! quero ler o livro o quanto antes!
ResponderExcluirAH!...eu sabia que vc ia tirar uma casquinha !!!
Ana
ResponderExcluirParabéns pelos Karnazinhos!
Harry
A Corifeu foi pior que a Badwater, ainda bem que tínhamos um monte de gente motivada correndo à nossa volta, assim pudemos uns segurar a onda dos outrose a do próprio Dean. De minha parte, passei boa parte dessa parte da corrida tendo aulas de urbanismo com o Pingüim, hahaha, que estava p. da vida da gente correr naquele inferno, com tanto lugar maneiro em volta... Parabéns pelos teus meninos, eles têm uma resistência que eu nunca vi!
ResponderExcluirMuito 10 Clau, realmente a experiência de estar ao lado dos ídolos é única e representará sempre muito em nossas almas e corações, parabéns a toda família, beijos e bons treinos sempre
ResponderExcluirCool!!!
ResponderExcluirFalaminhairmã, realmente vc escreve muito bem!
ResponderExcluirAdorei te reencontrar e conhecer os meninos.
O Karnaze é realmente mais um eluminado, tive a oportunidade de acompanhá-lo durante as 24 h. Ele é f...com ph.
Bjo pra vc minha querida e lembranças pros meninos, o Martim lembrará de mim pois mexi bastante com ele.
Oi Claudia !
ResponderExcluirFoi uma experiência inesquecivel para todos nós, o Dean juntamente com todos nós plantamos várias "sementes" na nossa Selva de Pedra que com certeza vai rachar os muitos e muitos concretos e asfaltos de nossa cidade e quem sabe também o concreto que tem na cabeça dos nossos empresários e políticos, consequentemente nos devolvendo nosso precioso ar puro que a cada dia é mais raro.
Lendo o livro do Dean deu para perceber que ele é um corredor de estrada, de ambiente mais rural, portanto quase sempre respirando um ar mais puro.
Eu sou um típico e raríssimo corredor urbano que já esta começando a ficar "sufocado" com o estupido aumento da frota de veiculos em São Paulo, na verdade esse aumento esta atrelado a um grande Pool de empresas internacionais, que vai do ramo imobiliário, passando pelas montadores, e do ramo de combustível, é muito mais forte que qualquer ditador ou imperador da antiguidade, pois esse poder não fica concentrado em um só lugar, ele é mutante e multiplicante.
Prefeitos, governadores e presidentes são submetidos ao seus grandes tentaculos capitalistas e independente de partido não tem muito o que fazer, o poder esta na consciência individual e na internet para alertar sobre os novos rumos da humanidade.
Londres passou pelo que São Paulo esta passando a 40 anos atrás, o povo de lá esta deixando de usar os carros, usando mais bicicleta e impedindo a construção de grandes prédios e até implodindo grandes áreas residências verticalizadas para implantação de praças.
Uma prova de como os ingleses estão 40 anos na nossa frente no que se refere consciência coletiva sobre qualidade de vida é o clip do Pink Floid da década de 70 que já criticava diretamente o consumismo de carros e apartamentos de luxo.
Pink Floyd "Empty Spaces" animation
Abraços !