terça-feira, 29 de junho de 2010

Pensamentos sobre competição

Mata-mata
Enquanto não começou o mata-mata, a maioria absoluta dos jogos da Copa foi mais eficiente do que um coquetel de Lexotan com Dormonid. Salvo honrosas exceções, as seleções todas pareciam jogar um "deixa como está pra ver como é que fica", buscando garantir a classificação em empates amistosos, vitórias magras e até em uma ou outra derrota. Os chamados "placares dilatados" foram apenas dois: Alemanha x Austrália e Portugal x Coréia do Norte. Nenhum outro superou a diferença de 3 gols.
Agora a história é outra.  Perdeu, sambou. E está todo mundo indo pra cima. Tem jogo bom de assistir, não é só retranca.
Semana passada o Federer estava perdendo de 2 sets a zero, 4x3 no terceiro set e seu adversário servia e ganhava. Era a primeira rodada de Wimbledon. Aposto que se não fosse perdeu, rodou o Federer tinha entregado o jogo.  Mas era pra valer, então ele deu o melhor de si, virou e ganhou. O último set foi um inequívoco 6x0 .

No esporte de alto nível
A competição é um dos elementos que torna o esporte mais interessante, tanto pra quem participa, quanto pra quem assiste. No esporte de alto nível, alguns dos momentos mais belos e emocionantes nasceram em situações de acirrada competição. Aquele "dibre" (em futebolês é dibre mesmo, não "drible"), que entorta o zagueiro forte, o sprint final entre dois corredores de uma maratona,  aquela bola que pega de raspão na rede e faz o tenista se esticar como um gato pra alcançá-la com a ponta da raquete, o esforço supremo do ciclista na fuga em plena montanha...As quebras dos recordes mundiais, nada mais são do que uma competição que atravessa os tempos.
Quando é pra valer, não escondemos o jogo. Competir é se arriscar, se expor. Há sempre a chance de fracassar e perder. Perder não é bom, mas pode render boas aprendizagens e perder uma prova justa e equilibrada costuma ser melhor do que ganhar numa situação desigual ou injusta.

No esporte amador
Nós não somos olímpicos e nem semideuses mas também gostamos de competir. Afinal, competir é comparar competências. E nós gostamos de comparar. Nós com nós mesmo, nós com os outros da mesma categoria, e com as outras mulheres (ou homens). Pode ser um short, um olímpico, um longo ou um Iron. Se identificamos alguém da nossa categoria um pouco à frente, a energia se renova e vamos ao encalço do rival momentâneo, se estamos na reta final, avistando o pórtico, e ouvimos os passos de alguém que se aproxima, tentamos acelerar e não perder a posição. Quem não gosta de ganhar? E de ganhar bem, fazendo o melhor possível?
No nosso caso, ainda bem, as provas não são excludentes. Não tem problema se ficarmos em último lugar. Na prova seguinte, podemos estar lá de novo, pra tentar ser, pelo menos, o penúltimo. Há Kona e Clearwater, além de outros campeonatos mundiais para os quais é necessário se qualificar. Mas são poucas, e, em geral, a disputa por uma vaga nessas competições, servem como um estímulo a mais para os amadores, mas sem estragar o prazer de simplesmente competir. Conseguir a vaga é encarado como um presente, não como uma obrigação.

Crianças e competição
Não sou das que acham que "o mundo é competitivo então precisamos ensinar nossos filhos logo cedo a competir pra ganhar" e rapidamente se confunde competitividade com egoísmo, egocentrismo e falta de solidariedade. Os pais fazem crianças de seis anos de idade, enfrentarem um vestibulinho, pois desde cedo está se pensando nas reais chances de ela passar no vestibular, entrar numa boa faculdade, pra poder vencer na vida.
E, falando em criança, também é o fim da picada deixar uma criança ganhar para não sofrer (com) a derrota. O que ela aprende com isso?
1. Que os adultos trapaceiam.
2. Que perder é péssimo.
E o que ela deixa de aprender?
Sua verdadeira competência naquilo que está sendo posto a prova. Então, em vez de fingir que seu filho corre mais rápido do que você,  estabeleça uma regra para que a competição seja mais justa. Corra de costas ou deixe ele sair 50 metros na sua frente, para que realmente haja uma uma disputa.
Para as crianças, a experiência da competição deve ser, o máximo possível,  inclusiva. Uma oportunidade para se superar, dar o melhor de si e não ser castigado por não ter atingido tal índice. Claro que ao participar de campeonatos e provas, mais cedo ou mais tarde, chegará a hora da peneira. Mas se elas tiverem na sua vida cotidiana muitas situações não exclusivas de esporte, vão encarar essas perdas com mais naturalidade.

Perder
Mas não saber perder não é prerrogativa das crianças. Aliás, elas aprendem rápido e sem traumas se puderem ter oportunidades de participar de competições justas, ganhar umas vezes, perder em outras... O duro é quando os adultos não aceitam as regras ou seus próprios limites e trapaceiam.  Profissionais ou amadores, isso sim, é lamentável.

7 comentários:

  1. E realmente a saga continua. MUITO LEGAL! Assino embaixo. Já vi que você curte tênis. Mais uma VIRADA espetacular: Guga x Max Mirny. 2 x 0 pro cara mais animal que eu já vi sacando e Guga penando no 3º set. Não lembro exatamente qual o torneio (US Open?) e em que ano (2000 ou 2001)...mas o Guga virou e ganhou de 3 x 2 num jogo inesquecível. Sensacional! O Guga e seu post!

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  2. Triste Copa mesmo onde a principal novidade foi a vuvuzela como vc bem disse no meu blog...beijo pra vc e gracias por su visita... apareça quando quiser...

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  3. Ola Claudia. Acompanho seu blog faz tempo e gosto muito de suas dicas e textos.
    Uma delas foi a meia injinji. Gostaria de saber como compra-la, pois nao consegui nenhum local que a venda, pode me ajudar? Obg.

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  4. Oi Jonas
    Comprei pela internet, pelo ebay e pedi pra entregar no hotel onde estava um amigo que trouxe pra mim. Aqui eu nunca vi vender!

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  5. Tentei pela amazon nao entregavam mesmo. Obg. abs.

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  6. Cláudia,

    segui sua dica das meias Injinji e pedi para um amigo que mora nos EUA comprar. Já usei a meia normal e aprovei, zero bolhas entre os dedos.
    Agora aguardo um treino longo pra testar a de compressão.

    Abraços!!!

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