terça-feira, 27 de outubro de 2009

Hora de desistir?

Domingo fui cumprir minha planilha lá no Riachove Grande. Mari e eu. Claro que choveu. Já no finzinho do treino, enquanto a Mari corria um pouco, meu pneu furou. Estava numa leve descida e pof! Um estouro, barulho metálico e roda da frente no chão.
Nunca consegui trocar um pneu. Como não passava ninguém, disse a mim mesma que tentaria fazer a troca. Tirei a roda. O pneu estava totalmente murcho. Peguei as espátulas. Encaixei a primeira, empurrando o pneu pra fora da roda e prendendo no aro. Encaixei a segunda, com um pouco mais de dificuldade. A terceira eu já não conseguia enfiar entre a roda e o pneu. Tentei escorregar a segunda espátula, tentando tirar o pneu da roda. Sem sucesso. Finalmente uma dupla de mountain bikers imundos passou e eu fiz aquela cara sem graça de “socorro, por favor!” e eles perguntaram: “Precisa de ajuda?”
Em seguida, Cacau, seu marido e mais uma amiga pararam e aquele batalhão começou a me ajudar. Até que eu estava equipada. Mas, no último minuto, quando encaixamos a cápsula de CO2 na válvula... O bico da válvula quebrou. Não tínhamos mais CO2 e nem câmera. Como eu já tinha esfriado e faltava pouco mais de 10k pra terminar meu volume, resolvi dar o treino por encerrado.
Ontem me lembrei de comprar duas câmeras. Pensei “eu mesma vou trocar!”. À noite consegui tirar a câmera de dentro do pneu com um pouco mais de facilidade. Encaixei a nova câmera dentro do pneu e fui encher com a bomba de pé. Bombava, bombava, bombava... E nada do pneu encher. Sei lá... Parecia que tinha algo de errado com o bico. Só não sabia se o da bomba ou o da câmera. Abri a outra. Tentei dar aquela sopradinha – que aprendi que ser necessária pra poder encaixar bem a câmera. Mas soprava, soprava, soprava... e nada de a câmera encher. Sei lá... Parecia estar colada. Bufei. Xinguei. Como uma pessoa tão cheia de competências como eu podia ser derrotada numa tarefa tão banal? Bem... pensei, não se pode acertar todas. Que sejam essas as minhas fraquezas.
Sondei o marido pra ver o que ele estava fazendo. Mas ele estava tenso, cuidando de seus afazeres, pois viajaria hoje. Cheguei perto, suspirei, falei em voz alta que eu não tinha conseguido trocar o pneu... Mas ele não pegou a deixa.
Resolvi então que levaria as duas rodas e as duas câmeras. Alguma alma caridosa, com uma bomba eficiente, haveria de me ajudar no treino. Isso SE houvesse treino. Pois a chuva parecia que não iria parar.
Na madrugada a chuva parou. Fui pegar a bike, na esperança de que o marido tivesse se apiedado de mim e resolvido meu problema. Nada. Tudo estava como eu havia deixado.
Levei tudo. No treino, o Sahan encheu minhas duas rodas. O bico da válvula não estava quebrado. Eba! Mas aí... Pof! A câmera estourou na mão dele. “Puxa... acho que enchi de mais...”. Então enchemos a Zipp.
Começa o treino. Saímos já forte. Os primeiros saem sem olhar pra trás, nós vamos tentando alcançá-los. Na raia, antes da entrada do remo... Adivinha? Pof! Estoura o pneu tubular da minha Zipp!
Inacreditável. Obviamente não tenho outro pneu tubular. Volto andando no escuro e pensando “Talvez eu não devesse ter saído da cama... Não seria hora de desistir?” Mas logo em seguida, eu mesma respondo. “Não. Afinal acordei cedo, e estou aqui”.
Minha única chance de treinar é tentar aquela câmera.
Chego ao meu carro. Pego a outra roda, tiro a câmera furada com facilidade! Passo a mão por dentro do pneu. Não parece haver nada de errado. Examinho o aro. Nada. Pego aquela câmera que não conseguia encher e... consigo! Cuidadosamente, encaixo-a dentro do pneu e encaixo o pneu na roda! Milagre!! Nem eu acredito. Mas não tenho bomba. Chico, um atleta da MPR passa. Peço a bomba, ele joga a chave do carro. Emerson, meu técnico, chega e me ajuda a encher. Nem precisava. De repente... Pof! Era minha última câmera. Hora de desistir? Ainda não.
Chega o Marquinhos. Ele tem uma câmera. Mas precisamos descobrir o que há no pneu ou na roda que está fazendo as câmeras estourarem. Emerson examina e não acha nada. Vira o pneu do avesso. Eu pego e consigo achar! O pneu já era. Está com um rasgo na lateral. Hora de desistir? Não. Emerson improvisa um manchão com um pedaço da minha superbananinha. E finalmente, às 6h50m eu saio pra treinar. Sozinha.
Tenho 30 km pra fazer. Logo depois da primeira volta, uma garoinha começa a cair. No início da segunda, ela engrossa. Faço mais duas voltas debaixo de chuva. Na quinta volta ela diminuiu, na sexta e última, ela pára. Mas não dá tempo de eu me secar. Termino o treino ensopada. Mas feliz por não ter desistido. E o melhor: acho que agora sei trocar um pneu!

Um comentário:

  1. Gostei muito do seu blog, adoro triathlon e suas aventuras...depois da uma passadinha no meu blog milermiles.blogspot.com

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