terça-feira, 14 de julho de 2009

Bike fit

Antes de ingressar no mundo do triathlon eu nem sabia que isso existia. Para mim, era olhar a bicicleta, montar em cima pra ver se, sentada, conseguia alcançar o pé no chão com facilidade, testar o conforto do selim e estava resolvido.
Quando surgiu a oportunidade de comprar uma speed - por sinal, eu nem sabia que tinha esse nome, o Portelinha (meu padrinho no triathlon, por assim dizer) foi logo me dando as dicas: “ O Serginho, da Ciclovece, vai arrumar alguma coisa boa pra você. Fala que é minha amiga”. De fato, ser amiga do Portelinha abre muitas portas, mas isso é papo pra outra hora. Acertei a compra de uma Vicini: uma bike de ciclismo honesta, por um preço justo.
Durante as tratativas de compra da bike, Portela perguntou “E o bike fit?”. Meu impulso era responder “Bike o quê?!”. Sou besta, eu? Fiz cara de sabida e devolvi: “Hummm não sei... O que você me recomenda?” Rá! Enganei ele direitinho. Concluímos que, para começar e também pra não gastar mais tempo e dinheiro, eu poderia fazer lá na Ciclovece mesmo. E eu que pensava que era só pegar a magrela e sair pedalando...
Que nada. O bike fit consiste numa sessão combinada de alfaiataria, mecânica e fisioterapia.
A bicicleta é colocada num artefato chamado rolo – palavra que também entrou no meu vocabulário neste mesmo dia, inclusive causando impacto no meu orçamento. E este negócio permite que a sua bike se transforme numa ergométrica. Ou seja, você pedala parado.
O bike fitter (acabei de inventar este nome, será que existe?) utiliza pêndulos, réguas e outros instrumentos que devem ter sido inventados por Copérnico, Galileu ou Da Vinci, para analisar a posição do ciclista, os ângulos formador por suas pernas ao pedalar, distância entre a mesa e o selim, a inclinação do guidão pra ficar mais, ou menos agressivo, a posição do taquinho na sapatilha e a localização da ponta da pipeta da bronzina (este último é mentira, mas o resto é verdade). Teoricamente, um bike fit bem feito pode melhorar mais de 20% o desempenho do atleta. E hoje ainda fiquei sabendo de mais uma: existem diferentes protocolos de bike fit! Vou procurar pra ver se encontro algum exemplo. É mais ou menos assim: se você vai pedalar sozinho, um contra-relógio (numa bike de contra-relógio) não ficará na mesma posição que ficaria se fosse pedalar num pelotão numa bicicleta de ciclismo e, imagino eu, deve ser diferente também se você vai pegar muitas subidas ou encarar um percurso plano. É complexo. É uma ciência. Ou uma tecnologia. Ou as duas coisas. Existem, no Brasil e no mundo, caras que são verdadeiras sumidades no assunto.


Fato é que, desde o ano passado, quando passei a fazer treinos de pedal mais longos, meu pé direito fica dormente. E tem também este negócio no meu tornozelo/calcanhar direito que não sara. Meu último bike fit foi quando comprei a Giant que uso atualmente, de triathlon mesmo (ou seja, é de contra-relógio) e, desde então, acho que fui ficando mais íntima da magrela e, portanto, mudando meu posicionamento. Decidi fazer um novo bike fit, desta vez, com o mestre Elpídio, da Bianchi Brasil.
Ele descobriu que eu estava toda torta. O taquinho mais pra trás do que deveria, o selim mas pra frente, os ângulos da pedalada obtusos numa parte e oblongos, na outra, a mesa muito afastada... Uma verdadeira desgraça!
Elpídio fez o que pode, mas disse que será bom colocar uma mesa menor. O problema é saber se existe, já que minha Giant é modelo XS. Avaliou que devo apertar menos o velcro da sapatilha, pois isso pode estar prejudicando a circulação do sangue no pé direito e causando o formigamento. Além disso, sugeriu que eu tenha, além dessa, uma outra magrela, de ciclismo. As bikes de triathlon colocam a gente numa posição muito anti-anatômica, são duras, e castigam as costas – principalmente se o asfalto estiver ruim, como está o da USP. Emerson, meu técnico, concorda com ele e Cacau, minha fisio, também.
Vou ter de pensar seriamente no assunto. A perspectiva, principalmente a partir do começo de 2010, é fazer treinos longos, de mais de 100 km, várias vezes, até a prova. Por outro lado, investir em outra bicicleta, também não é indolor.
Vou colocar na balança, analisar o balanço do pêndulo e, depois da prova de Penha, decido.

4 comentários:

  1. Claúdia!!! Muito bom !!! nunca vi uma explicação tão interessante e didática sobre o bike fit...as vezes, também tenho a impressão de estar toda torta na bike...acho que devo refazer o meu urgente...!

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  2. Patricinha, cheia de técnicos, nutricionistas,equipamento e levou um ano prá perceber que tava toda errada...passei!

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  3. Puxa vida, 1*... Patricinha, justo eu?! Quarenta e sete anos, quatro filhos, trabalho... Quem me dera. E quanto a estar posicionada de forma errada, como eu poderia saber? A gente só aprende aquilo que não sabe, não é mesmo? Comecei a pedalar speed com 43 anos. Quantas mulheres vc conhece que tiveram a coragem de aprender um esporte novo com essa idade? E ainda por cima competir?
    E quanto a ter equipamento, nutricionista e técnico, qual é o problema? Sou eu que banco, com o suor do meu trabalho. Felizmente, posso fazer isso. E não me envergonho. Afinal, não sou especialista e estes profissionais estão aí pra apoiar quem quer fazer as coisas bem feitas.

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  4. Ae arregaçou o Ânonimo Claudia parabéns pela dedicação ao esporte e as letras.

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